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Ouro registra novo recorde


  • Olhar Econômico
  • 03 de Setembro de 2025 | 08h32
 Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O ouro segue sua trajetória de valorização atingindo novos recordes, impulsionado pela crescente procura por ativos considerados seguros, especialmente por bancos centrais.

Além da expectativa de redução nas taxas de juros nos Estados Unidos, os investidores têm recorrido ao metal precioso como forma de proteção diante dos riscos geopolíticos persistentes e das incertezas sobre a autonomia do Federal Reserve. Esse cenário é agravado pelas tensões da política tarifária promovida por Donald Trump.

O mercado internacional do ouro é um dos mais antigos e resilientes do mundo das finanças. O metal tem sido uma reserva de valor confiável por séculos, atraindo investidores em busca de estabilidade em tempos de incerteza econômica.

A commodity, muitas vezes referida como um “porto seguro” para investidores, tem visto um aumento de interesse. Isso se deve em parte à sua capacidade de preservar o valor em meio à inflação e a crises econômicas. O preço é influenciado por fatores como oferta e demanda, taxas de juros, câmbio, tensões geopolíticas etc.

Hoje o ouro é negociado em várias bolsas de valores ao redor do mundo. Além da negociação física, os investidores também podem participar do mercado do metal precioso por meio de contratos futuros, fundos de investimento, opções e ETFs relacionados.

Em um mundo financeiro cada vez mais interligado, o mercado do metal desempenha um papel crucial na diversificação de portfólios de investimento e na proteção contra choques econômicos.

Um pouco de história:

O padrão aurífero era um sistema no qual o valor da moeda nacional estava diretamente vinculado a uma quantidade específica de ouro. Isso significava que os governos precisavam manter reservas de ouro para apoiar suas moedas. Essa prática foi amplamente adotada no século XIX e no início do século XX, ajudando a estabelecer a estabilidade cambial e comercial.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Acordo de Bretton Woods, em 1944, estabeleceu o dólar dos Estados Unidos como a principal moeda de reserva do mundo. Isso significava que as reservas em moeda estrangeira eram mantidas principalmente em dólares, e o valor do dólar era vinculado ao ouro a um preço fixo.

A era do padrão ouro chegou ao fim em 1971, quando o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, anunciou uma suspensão unilateral da conversibilidade do dólar em ouro. Isso efetivamente rompeu a ligação direta entre o dólar e o ouro. O mundo agora estava em um sistema de moedas fiduciárias, onde as moedas eram apoiadas apenas pela fé no governo emitente.

Várias razões levaram ao abandono do padrão ouro. A crescente desconfiança em relação ao dólar, devido ao aumento dos gastos governamentais e à inflação nos Estados Unidos, foi um fator importante. Além disso, o sistema do padrão ouro restringia a flexibilidade das políticas monetárias, dificultando a resposta a crises econômicas.

O fim do padrão ouro marcou uma transição significativa na história financeira global. Embora tenha permitido uma maior flexibilidade nas políticas monetárias, também abriu caminho para flutuações cambiais, desafios econômicos e crises financeiras em todo o mundo. Hoje, as moedas fiduciárias, como o dólar, são o padrão global, e o ouro desempenha um papel mais limitado como ativo de reserva.

Proteção aos investimentos:

O ouro também tem sido reconhecido ao longo da história como um refúgio seguro para investidores em busca de proteção contra turbulências nos mercados financeiros e incertezas econômicas.

Uma das razões fundamentais para o ouro ser considerado uma proteção aos investimentos é sua capacidade de preservar o valor ao longo do tempo. Diferentemente das moedas fiduciárias, que podem ser afetadas pela inflação, o ouro mantém seu poder de compra. Isso significa que os investidores podem confiar que seu patrimônio em ouro não perderá valor significativamente devido à desvalorização da moeda.

Em períodos de inflação, quando os preços dos bens e serviços sobem rapidamente, o ouro muitas vezes brilha como uma forma de proteção. Isso ocorre porque o ouro é um ativo real que não pode ser simplesmente impresso em maior quantidade, ao contrário das moedas. Investidores recorrem ao ouro como um hedge contra a erosão do poder de compra de suas economias.

Quando os mercados financeiros enfrentam crises, como recessões ou choques econômicos, a commodity tende a se valorizar. Sua natureza defensiva o torna um ativo atraente quando os investidores buscam segurança em meio à incerteza. Em momentos de pânico nos mercados, o ouro tende a se comportar de maneira contrária a outros ativos, como ações, oferecendo estabilidade.

Os investidores frequentemente incluem o ouro em seus portfólios como parte de uma estratégia de diversificação. Ao ter ativos que não estão correlacionados com o desempenho dos mercados de ações, eles reduzem o risco global de seus investimentos. Ou seja, o metal age como um contrapeso quando outros ativos estão sob pressão.

Ele também se torna um ativo valioso durante períodos de conflito geopolítico. Quando as tensões políticas aumentam – no caso de guerras – os investidores tendem a buscar segurança em ativos tangíveis, como o ouro. Essa demanda adicional pode impulsionar o preço do metal, como abordado por esta coluna em fevereiro.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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