Finais de ciclos sempre são um convite à reflexão. No réveillon é comum pensarmos sobre o ano que passou e projetar muitas expectativas para o ano que se aproxima e nesse espírito escrevo a coluna de hoje.
Campos precisa fazer as pazes consigo mesma. Olhar-se ao espelho e pensar sobre o passado que teve, sobre o que construiu e sobre o que sepultou.
Somos uma cidade erguida pela força do ciclo da cana, temos nossas glórias do passado como motivo de orgulho e devemos a essa pujança nossa força política durante o Brasil império e a primeira república. Mas também temos em nosso alicerce a mancha da escravidão e das relações violentas de poder, do coronelismo político.
Essa história construída ao longo dos séculos nos legou o estado de coisas vividas no agora. Uma elite, política, econômica e intelectual com os olhos postos fora, não para aprender e trazer novas experiências ou soluções, mas como objetivo de vida, como desejo de mudança, de deixar para trás a cidade natal e em outro extremo uma massa abandonada, marginalizada, inculta e submissa ao coronelismo político que dita as regras e escolhe os vencedores numa terra de contrastes extremos, uma terra de abismos.
Um passado de algumas virtudes e muitos pecados, um presente de abismos e extremos, de negação da própria terra. Mas, e o futuro? Que futuro queremos ter?
O futuro que queremos ter depende do nosso esforço no agora. A mudança começa em nós mesmos.
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