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Ouro ou dólar: qual rendeu mais nos últimos anos?


  • Olhar Econômico
  • 19 de Novembro de 2025 | 08h25
 Valter Campanato/Agência Brasil
Valter Campanato/Agência Brasil

Os investidores brasileiros têm se deparado com uma dúvida recorrente: afinal, ouro ou dólar são melhores alternativas para proteger o patrimônio? Os dados mais recentes mostram que, apesar da solidez da moeda americana, o ouro vem se destacando como o ativo de maior valorização em reais, especialmente em períodos de incerteza global.

O metal precioso chegou a ser negociado a impressionantes US$ 4.392 por onça troy, o maior valor da história, antes de recuar para perto de US$ 4.070, após uma trégua nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Mesmo com essa correção, o desempenho no acumulado do ano é notável: alta de aproximadamente 60%.

Na prática, quem investiu R$ 1.000 em ouro há um ano teria hoje R$ 1.596,68.

O avanço reflete o aumento da demanda global pelo metal como ativo de proteção — em meio a uma combinação de inflação persistente, conflitos geopolíticos e sinais de desaceleração econômica nas principais potências.

O ouro acumula valorização superior a 1.600% em reais nos últimos 20 anos, muito à frente do desempenho do dólar.

Já o dólar, apesar da queda no ano, segue sendo a principal moeda de reserva global. Depois de atingir R$ 6,26 em dezembro de 2024, a cotação recuou para os atuais R$ 5,32.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o dólar ainda representa cerca de 58% das reservas oficiais internacionais em 2024 e 2025, mantendo seu papel central na economia mundial — embora já haja sinais de desdolarização em alguns países.

O índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas fortes, tem mostrado enfraquecimento gradual, reflexo da política monetária do Federal Reserve e da crescente diversificação das reservas globais em outras moedas e ativos.

Ouro e dólar acabam sendo vistos como ativos de proteção para o investidor brasileiro. Entretanto, o perfil de risco e o tipo de proteção são bem diferentes. O ouro, por ser cotado em dólares, já incorpora a variação cambial em sua cotação. Por isso, tende a ter melhor desempenho que o câmbio isoladamente. Além disso, é um ativo global, enquanto o dólar é norte-americano.

De forma genérica, o metal precioso oferece o melhor fator de proteção. No curto prazo, porém, o dólar capitalizado pelos juros americanos pode ser uma alternativa mais estável e previsível.

Analistas sempre recomendam que todo investidor mantenha parte do patrimônio dolarizado, seja por meio de renda fixa americana ou em ativos reais como o ouro.

O investimento em ouro pode ser feito via ETFs, como o GOLD11 na B3 ou o GLD nos Estados Unidos. Já a alocação em dólares capitalizados é possível por meio de ativos de renda fixa americana ou ETFs (Exchange Traded Funds).

Os números não deixam dúvidas: no horizonte de longo prazo, o ouro entregou um retorno superior ao do dólar quando ambos são medidos em reais. Contudo, essa diferença não deve ser interpretada como uma competição direta — cada ativo cumpre um papel distinto na carteira.

O ouro funciona como seguro patrimonial, valorizando-se em momentos de crise e perda de confiança nos mercados. Já o dólar oferece liquidez e acesso ao sistema financeiro mais sólido e desenvolvido do mundo, servindo como base de transações internacionais e referência para diversos ativos.

A combinação equilibrada de ambos é o que oferece maior segurança ao investidor brasileiro, especialmente diante das incertezas geopolíticas e econômicas que devem marcar os próximos anos. O ideal não é escolher entre um ou outro, e sim diversificar.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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