No acumulado de 2025, o índice Ibovespa (mais importante indicador do desempenho das ações negociadas na bolsa de valores do Brasil) avança 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar — acompanhando a forte performance dos mercados emergentes desde o início do ano.
Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais. O primeiro é o enfraquecimento do dólar no cenário global, especialmente após as novas tarifas anunciadas pelo governo americano.
O segundo, talvez o mais relevante, é o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, que reduz o custo de capital, melhora o valor presente dos fluxos de caixa, alivia o serviço da dívida corporativa e abre espaço para que outros países também flexibilizem suas políticas monetárias.
E como consequência temos o terceiro pilar: a rotação internacional de portfólios, uma realocação de recursos dos EUA para outras regiões, incluindo emergentes como o Brasil.
No curto prazo, porém, alguns fatores domésticos têm ganhado protagonismo. A temporada de resultados segue positiva, com empresas listadas mostrando boa geração de caixa, margens resilientes e ganho de mercado.
Além disso, a perspectiva de queda da Selic permanece no radar, ainda que o início do ciclo tenha sido adiado pelo tom mais duro adotado pelo Banco Central (BC) na última reunião.
No campo político, pesquisas recentes indicaram nova queda na popularidade do governo federal, ao mesmo tempo em que levantamentos em comunidades diretamente afetadas pela operação policial no Rio de Janeiro mostraram forte aprovação à ação.
A percepção pública sobre segurança — especialmente entre eleitores de centro e direita — reforçou um ambiente mais favorável à oposição. Com isso, segurança pública tende a se consolidar como um dos principais temas das eleições de 2026.
Esse novo cenário fortalece nomes do campo oposicionista, com destaque para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, hoje visto como o protagonista mais provável da centro-direita.
Para o mercado, esse movimento elevou a probabilidade de alternância de poder, algo que costuma favorecer agendas fiscais e reformistas no debate presidencial.
Como muitas gestoras internacionais ainda estavam pouco alocadas em Brasil, essa combinação política ajudou a atrair fluxo comprador adicional.
Mas até onde o Ibovespa vai?
Vale lembrar que o ciclo de cortes de juros por aqui, quando começar, deve ser gradual e condicionado à questão fiscal. A segunda fase da flexibilização monetária só virá quando houver previsibilidade sobre o rumo das contas públicas — inevitavelmente, o país precisará de uma reforma estrutural em 2027.
Nesse contexto, ainda existe espaço para continuidade da alta. Embora o Ibovespa tenha renovado máximas nominais, o índice segue atrativo em dólares, mesmo quando ajustado pela inflação e pelos múltiplos.
Se o cenário externo continuar colaborando — cortes de juros nos EUA sem recessão — e o Brasil entrar em seu próprio ciclo de flexibilização em 2026, ainda que limitado, os fundamentos corporativos sustentam a tese de valorização.
Soma-se ainda o rali eleitoral e um posicionamento extremamente leve, tanto de investidores estrangeiros quanto locais, quando comparado ao histórico.
Tudo isso pode garantir fôlego para novos avanços. Claro, movimentos de correção são normais — e até saudáveis — especialmente após quase duas semanas de altas consecutivas.
Em artigo do início de julho, abordei que o banco suíço UBS havia elevado para compra as ações brasileiras e que mesmo com a Selic em 15% não era momento de abandonar a renda variável.
E olhando para o conjunto da obra, após a correção do final do ano passado, tudo indica que o rali do Ibovespa ainda tem boas chances de seguir.
Claro que a escolha correta dos ativos é fundamental. Na bolsa brasileira existem empresas que enriquecem seus investidores há décadas, tendo sobrevivido a hiperinflação, crises e todo tipo de problema que você imaginar.
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Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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