É muito comum que se comparem as disputas de poder com jogos, seja em metáforas para explicar aos de fora, os outsiders, seja para tornar o discurso mais compreensível ao público em geral. Quem acompanha as notícias sobre política pôde assistir um pouco do que acontece, quase em tempo real e de forma bem acelerada, no caso da nomeação do vice governador do Rio de Janeiro como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Não existe um jogo que sozinho possa servir para explicar o exercício do poder.
Algumas vezes é o xadrez - xadrez político - serve bem para ilustrar a necessidade de estratégias de longo prazo, da antecipação dos movimentos dos adversários, da necessidade de “armas” que atuem de diversas formas, da compreensão da necessidade de fazer sacrifícios em nome de um objetivo maior, de mover-se no tabuleiro se protegendo enquanto busca o xeque mate.
Outras vezes é o pôquer, uma negociação mais direta, rápida, com cartas desconhecidas que podem surgir, com cartas escondidas a serem reveladas, com blefes, com desistências e apostas dobradas. Olhares buscando ler as intenções encobertas enquanto se tenta encobrir as próprias, a famosa “poker face”.
Noutras ainda, tem ingredientes de uma tourada, um jogo de vida e morte, uma capa que atrai o ataque do touro para que ele se exponha ao golpe do toureiro e enquanto a plateia se diverte aos gritos de olé, o ferido sangra pelo picadeiro até o derradeiro fim. A crueldade também está presente no exercício do poder. Mas, a morte política, diferente da morte das touradas ou da guerra, ainda te permite viver para lutar novamente. A capa e os aguilhões são morais e não físicos.
E, ainda que fugindo ao que se compreenda tradicionalmente como um jogo, o exercício do poder pode ser um tango, o exercício diplomático do poder. Intenso, grave, com avanços e recuos, alegrias, esperanças e desilusões. Ingredientes presentes em todas as relações humanas e, vale lembrar, política não é mais que um tipo de relacionamento humano. Não por acaso o tango, está na trilha sonora de diversos filmes, nas cenas mais impactantes como em O Poderoso Chefão, A Lista de Schindler e Uma Linda Mulher.
E você, qual jogo está jogando? Qual jogo acha que a cúpula do governo do Estado do Rio de Janeiro jogou nesse caso da nomeação ao tribunal de contas?
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