SJB - CIRCUITO RELIGIOSO

O caso Carrefour e as oportunidades da bolsa


  • Olhar Econômico
  • 26 de Fevereiro de 2025 | 07h55
 Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Nos últimos 30 dias, as ações do Carrefour Brasil dispararam na bolsa por conta de um provável fechamento de capital.

A proposta para tirar as ações da bolsa acontece menos de 8 anos depois do IPO da companhia, que ocorreu em julho de 2017.

Na época do IPO, as ações do Carrefour Brasil foram precificadas por R$ 15. Isso significa que esse foi o valor pelo qual o controlador conseguiu vender as ações na época da oferta.

Oito anos depois, com o mercado abalado por desconfianças fiscais, inflação e juros elevados, as mesmas ações passaram a negociar próximas de R$ 7, proporcionando ao controlador “fechar o trade” com ótimo ganho: vendeu por R$ 15 e comprou pela metade do preço.

Mas não é sobre o trade do controlador que abordarei hoje. Há uma outra mensagem bem mais importante para nós: com a derrocada recente, as ações brasileiras (não só as do Carrefour) ficaram extremamente baratas.

O fato é que ninguém entende melhor de um negócio do que seu próprio dono, e isso tem implicações profundas nas dinâmicas de IPO, follow-on e fechamento de capital.

Por exemplo, se o dono de uma empresa entende que os resultados estão bons, mas ainda têm muito espaço para melhorar, ele não vai ter pressa para fazer um IPO.

Isso porque ele sabe que talvez consiga um valor 30%, 50%, 100% maior se emplacar uma oferta na bolsa quando os resultados estiverem melhores. Ou seja, a não ser que ele precise muito de dinheiro, ele não vai te chamar para ser sócio nessa fase.

Na verdade, a ideia de fazer um IPO normalmente surge quando o potencial de crescimento já não parece mais tão gritante, mas a companhia atingiu um estágio no qual conseguirá atrair sócios por um valuation elevado.

Antes de continuar, é importante lembrar que nem todo IPO é uma furada, mas sempre desconfie das promessas de crescimento exageradas que costumam acompanhar essas ofertas.

No entanto, existe o outro lado da moeda. Se o controlador vende ações para você quando entende que elas estão caras (nos IPOs), o fato de ele querer comprá-las é um indício importante de que elas ficaram baratas – mais uma vez, ninguém entende melhor do negócio.

Mais do que fechar um “bom trade”, o controlador do Carrefour está nos dizendo que acredita que as ações estão baratas demais neste momento. Tão baratas que ele resolveu recomprar todas ações em circulação com um prêmio superior a 30%!

Só que essa mensagem não se restringe ao Carrefour Brasil, ela é bem mais abrangente e está em linha com o elevado volume de recompra de ações das companhias brasileiras de forma recente.

Os controladores das empresas locais estão adquirindo um volume recorde de ações de suas próprias empresas na bolsa, e isso é um ótimo sinal porque (sim, você já entendeu) ninguém sabe melhor do negócio do que eles.

Aliás, a maior parte das empresas da Carteira Mensal de Dividendos do BTG Pactual possui programas de recompra abertos neste momento, o que é um ótimo indício de que elas estão baratas. Se quiser conferir a carteira completa de forma gratuita, só clicar aqui.

Seja como for, o importante é não repetir o mesmo erro que a maioria dos investidores comete: começar a investir em época de IPOs, quando tudo está caro, e desistir da Bolsa quando as ações estão negociando na bacia das almas e os controladores fechando o capital das empresas.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

Seja o Primeiro a Comentar

Comentar

Campos Obrigatórios. *