Nesta semana, a atenção está voltada para as próximas decisões do Banco Central, com a expectativa de elevação na taxa de juros hoje.
O clima econômico continua pessimista. Projeções indicam um aumento expressivo nas despesas obrigatórias nos próximos anos, o que tem gerado inquietação tanto no governo quanto no mercado quanto à sustentabilidade do arcabouço fiscal atual.
Simultaneamente, o dólar à vista recentemente alcançou cerca de R$ 5,87, registrando seu segundo maior valor histórico em relação ao real, abaixo do pico de R$ 5,90, alcançado em maio de 2020 no auge da pandemia.
O presidente Lula e seus principais ministros das áreas econômica e política se reuniram para avançar no plano de ajuste fiscal.
Em discussão estão duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) tidas como essenciais: uma que visa incluir todos os gastos obrigatórios — com exceção do salário mínimo e da Previdência — dentro de um limite de 2,5% do arcabouço fiscal; e outra que propõe a desvinculação das receitas, em linha com o antigo mecanismo de Desvinculação das Receitas da União (DRU) do Plano Real.
Por enquanto, essas propostas ainda estão no campo da especulação e o mercado aguarda ações concretas para restabelecer a confiança.
O fato é que as expectativas de inflação têm se deteriorado nas últimas semanas e o mercado projeta que a taxa Selic atinja 11,75% até o final do ano, como mostra o Boletim Focus. Sendo assim, teríamos aumentos previstos de 0,5% hoje e mais 0,5% em dezembro.
Novos ajustes em 2025 dependerão do progresso nas medidas de corte de gastos, essenciais para reancorar as expectativas inflacionárias, e da trajetória dos juros nos EUA.
Por falar nisso, no cenário externo, além das eleições presidenciais americanas, investidores seguem atentos à temporada de balanços e aos dados mais recentes de emprego, aguardando também a decisão do Federal Reserve (Fed) - o Banco Central americano.
Após um corte de 0,5% em setembro, os indicadores apontam para uma economia que ainda demonstra resiliência, mas com uma inflação ainda como um ponto de atenção. Esses fatores sustentam a expectativa de um novo corte de juros pelo Fed, desta vez de 0,25%.
Na corrida presidencial americana, a disputa ocorreu até o último minuto e agora aguardarmos a apuração.
Um eventual retorno do ex-presidente Donald Trump projeta um cenário de inflação mais elevada nos próximos anos. Isso somado a implementação de tarifas comerciais e políticas expansionistas, como cortes de impostos (estimula a atividade), poderia levar a um ciclo de cortes de juros mais contido por lá.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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