Havia alguma expectativa nos mercados de que o elevado déficit orçamentário dos Estados Unidos começaria a se normalizar neste ano, após um período de intensas crises.
Isso porque a pandemia levou o país a registrar déficits alarmantes, o que gerou uma pressão para reduzir os gastos excessivos e buscar um reequilíbrio fiscal.
No entanto, a realidade mostrou-se bastante diferente.
A constante inconsistência fiscal tem exacerbado as pressões na curva de juros, espelhando um fenômeno já conhecido em mercados emergentes, como abordado por esta coluna no Brasil.
Recentemente, as taxas das Treasuries de 10 anos - títulos de dívida emitidos pelo governo dos EUA – quebraram barreiras, evidenciando uma crescente inquietação quanto à gestão das contas públicas.
Um dado preocupante é que, pela primeira vez na história americana, os gastos do governo com juros da dívida superaram as despesas com defesa.
Esse marco é mais do que simbólico, destacando a criticidade do momento.
Historicamente, situações em que os encargos com a dívida ultrapassam despesas estratégicas têm precedido o declínio econômico de grandes impérios.
Esta relação foi cunhada pelo historiador escocês Niall Ferguson, sugerindo que o crescimento descontrolado dos custos com a dívida pode ser um prenúncio de sérios problemas estruturais, colocando em risco a sustentabilidade financeira a longo prazo.
Esse cenário crítico tem repercussões importantes no mercado de ouro. Num contexto de descontrole fiscal e inflação persistente, os metais preciosos tendem a se valorizar.
A explicação é simples: quando a credibilidade do dólar, a principal moeda de reserva global, é colocada em questão devido a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas.
O ouro, neste contexto, compete diretamente com os títulos do Tesouro dos EUA pelo status de "porto seguro".
Ainda que um calote na dívida dos EUA pareça improvável, qualquer aumento na percepção de risco é suficiente para impulsionar consideravelmente o preço do ouro.
Como consequência, o valor do metal ultrapassou US$ 2.700 por onça-troy, um recorde histórico que supera o pico anterior de US$ 2.000/oz em 2020.
A preocupação central é que nem Donald Trump nem Kamala Harris apresentam planos concretos para reduzir o endividamento.
Ambos sinalizam a intenção de manter os cortes de impostos de 2017, que expiram em dezembro de 2025, e suas políticas sugerem uma tendência de déficits crescentes.
Trump, em particular, tende a expandir os gastos sem contrapartidas, aprofundando a trajetória fiscal.
Harris, por sua vez, pretende aumentar impostos para as faixas de renda mais altas, mas ainda assim é provável que sua administração enfrente déficits elevados.
Um Congresso dividido pode limitar a capacidade de ambos os candidatos de implementar políticas fiscais expansionistas, especialmente fora do setor de defesa, impondo alguma restrição sobre seus planos.
No entanto, a dinâmica fiscal dos EUA parece destinada a permanecer desordenada, com uma perspectiva de gastos elevados que pressiona ainda mais a inflação.
Desta forma, muitos posicionam o ouro como o "grande vencedor" do ciclo eleitoral atual.
Algumas projeções sugerem que o metal pode ultrapassar os US$ 3.000 por onça em um futuro próximo, algo plausível considerando a recente alta e a aproximação crescente desse patamar.
Adicionalmente, as tensões geopolíticas também continuam a sustentar a demanda pelo metal, tradicionalmente visto como um seguro contra a instabilidade política.
Apesar de não estar barato, o ouro ainda é uma escolha sólida em tempos de conflito e incerteza.
Se a posição dos EUA como líder global for questionada em um cenário cada vez mais polarizado, conflituoso e regionalizado, é provável que países optem por diversificar suas reservas em ouro em vez de dólares, um movimento observado recentemente, como no caso da Rússia.
O metal permanece uma opção para portfólios que buscam proteção contra incertezas econômicas e geopolíticas, oferecendo uma reserva de valor robusta em tempos de elevada volatilidade e risco.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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