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Juros e inflação nos EUA definirão rumo dos mercados no curto prazo


  • Olhar Econômico
  • 12 de Junho de 2024 | 08h48
 Foto: Reprodução/Capital Aberto
Foto: Reprodução/Capital Aberto

Hoje será crucial para a narrativa macroeconômica que tem moldado os mercados globais ao longo do ano. Trato aqui da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) nos EUA.

Logo pela manhã, antes da decisão do Fed durante a tarde, serão divulgados os dados da inflação de maio por lá.

As previsões indicam um aumento mensal de 0,1% no índice de preços ao consumidor, resultando em uma taxa anual de 3,4%, estável em relação ao mês anterior.

Excluindo alimentos e energia, o núcleo do índice deve registrar um aumento de 0,3% no mês, resultando em um avanço anual de 3,5%.

Embora esse valor represente uma ligeira redução em relação a abril, ainda está significativamente acima da meta informal de 2% de inflação anual do Fed.

Os dados de inflação de hoje podem confirmar a persistência dos índices inflacionários observados em 2024, ponto central na reunião do FOMC.

Embora analistas de mercado esperem que não haja mudanças nas taxas de juros agora, a grande expectativa está na coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente do Fed, após a reunião.

Desde o robusto relatório de empregos da semana passada, que superou as expectativas, as chances de um corte de juros em julho foram eliminadas e as de um corte em setembro foram reduzidas.

O forte relatório de empregos, que relatou a criação de 272 mil empregos não agrícolas em maio, muito acima da previsão consensual de 180 mil, causou quedas nas principais bolsas de valores e destacou as dificuldades atuais em fazer projeções precisas.

Observou-se também no mês um aumento de 0,4% no salário médio por hora, excedendo a expectativa de 0,3%, enquanto a taxa de desemprego aumentou para 4%, acima dos 3,9% registrados em abril.

Esse contexto fez com que a probabilidade de manutenção das taxas de juros antes das eleições de 2024 subisse para mais de 50%, um salto significativo em relação aos cerca de 30% anteriores a esses dados.

Por fim, na mesma quarta-feira, será divulgada a atualização das Projeções Econômicas (SEP) pelo Federal Reserve, mais conhecida como Dot Plot.

Essa compilação trimestral de previsões, que abrange a economia, inflação, mercado de trabalho e taxas de juros, é elaborada pelos sete governadores do Fed e pelos 12 presidentes de seus bancos regionais.

As projeções de março indicavam três reduções na taxa dos fundos federais de 0,25% cada até o final de 2024.

Entretanto, dada a persistência inflacionária e a resiliência do mercado de trabalho, ajustes nessas previsões são esperados.

Se o comitê concluir na reunião de junho que apenas um corte de 0,25% é justificável para 2024, provavelmente em dezembro, os mercados podem reagir negativamente.

Um dos maiores desafios para o Fed atualmente é avaliar o quão restritiva é sua política monetária.

Jerome Powell já reiterou que a taxa de referência atual, a mais alta em mais de duas décadas, é restritiva o suficiente para eventualmente reverter a inflação para a meta de 2%.

Contudo, existe um ceticismo considerável, tanto dentro quanto fora do Fed, sobre se a política atual é eficaz, dado o robusto desempenho da economia e do sistema financeiro.

A nível global, a inflação segue acima das metas estabelecidas pelos bancos centrais, levando alguns, como o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Canadá, a cortarem os juros, enquanto outros, como o Banco da Inglaterra e o Fed, sinalizam possíveis cortes futuros, embora o Fed pareça mais hesitante.

O BCE já adiantou que os cortes não necessariamente seguirão uma trajetória linear descendente.

Apesar de não se esperar cortes de taxas esta semana, antecipa-se que mais diretrizes serão fornecidas para orientar as decisões ao longo do ano. Todas elas provavelmente duras.

Este panorama é desfavorável para o mercado de títulos, com os juros em alta nos EUA, e particularmente prejudicial para o mercado de ações, especialmente nos mercados emergentes como o Brasil.

O curto prazo segue desafiador.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

 

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