Diferente do governador Cláudio Castro (PSC), que foi até a cidade de Angra dos Reis em solidariedade ao prefeito Fernando Jordão (PMDB) e à população castigada pelo temporal e deslizamentos do último sábado (4) e que registrou ao menos 11 mortos, o deputado estadual e ex-secretário de Governo do Rio, Rodrigo Bacellar, preferiu receber seus convidados em uma pomposa festa de aniversário regada a muito uísque, cerveja, comida liberada, distribuição de brindes e shows, em Campos dos Goytacazes.
Com um ar de “showmício” – prática proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2006 – o palco do “Boteco do Bacellar” foi a extinta Usina do Queimado, que recebeu até efeitos especiais de iluminação e um som garantido por três mega geradores. No interior da estrutura, painéis gigantes com fotos do deputado, brindes como bonés, canecas e taças personalizadas, além de dezenas de mesas para oito convidados cada, decoração especial e uma equipe de segurança profissional, chamavam a atenção para os gastos com o evento, não tendo custado menos de R$ 2 milhões, somado aos cachês dos artistas.
Se a festa foi para ganhar destaque nas redes sociais, o deputado conseguiu, mas talvez não tenha imaginado os questionamentos que surgiriam junto, afinal, quem pagou a conta? Seria um modo prematuro de impulsionar sua potencial e provável candidatura à reeleição nas próximas eleições por meios ilícitos, o que configura propaganda eleitoral antecipada?
A realidade financeira do deputado passa longe dos gastos estimados na realização do evento. Os vencimentos de Rodrigo Bacellar hoje, na Assembleia Legislativa (Alerj), não ultrapassam R$ 18 mil líquidos, que garantiriam pelo menos o cachê de David Brazil, hoje entre R$ 15 e R$ 20 mil, só para o humorista atuar como mestre de cerimônia em festinhas.
Embora tenha registrado em sua declaração de bens junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 85 mil em dinheiro em 2018, não conseguiria sequer cobrir um terço das despesas do buffet, entre R$ 150 e R$ 200 por pessoa, multiplicado por 2 mil convidados com bebidas, carnes, guarnições e uma equipe profissional. Sem contar a apresentação do cantor Belo, que utilizou um jatinho para chegar a Campos.
No palco ainda teve Sandra de Sá (de R$ 12 mil até 40 mil), Os Molekes, DJ’s e até a bateria da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. A extravagante comemoração contou com a presença de outros deputados, vereadores de Campos e municípios vizinhos, e até ex-prefeitos que voltaram à cena depois de trágicas atuações no cenário político campista, entre eles Rafael Diniz e Sérgio Mendes, ambos do PPS. Ex-vereadores também prestigiaram o “boteco” e fizeram questão de registrar em suas redes sociais. Novos “amigos”, como o ex-subsecretário municipal de Campos, Fred Rangel, também deram o ar da graça.
Pelo menos três geradores alugados garantiram os holofotes e o som da mega festa no pomposo “Boteco do Bacellar” até o dia seguinte, com a participação de cabos eleitorais, amigos e familiares do deputado, reforçando o tom de um explícito “showmício” – reuniões e festas eleitorais com a finalidade de animar o público com a apresentação de artistas.
A repercussão da festa milionária bancada com recursos ainda questionáveis, segue com destaques negativos para o deputado que pretende concorrer à reeleição no próximo pleito, em outubro, e pode render dores de cabeça ainda mais fortes, do que a sentida no dia seguinte por quem exagerou na bebida.
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