A cena se repete com uma frequência alarmante em Campos dos Goytacazes, cidade do Norte Fluminense, onde a população presencia um preocupante e silencioso massacre: o corte indiscriminado de árvores que são impiedosamente abatidas. O motivo? Incomodam a fachada de casas e comércios, obstruem a visão de placas publicitárias ou, simplesmente, "sujam" a calçada com suas folhas. Enquanto a motosserra dilacera a vegetação urbana, os vereadores, representantes do povo, assistem de braços cruzados e inertes ao "massacre da motoserra 2".
A omissão do poder público é um reflexo da ausência de uma política de incentivo ao plantio de árvores na cidade. Não há um projeto de arborização urbana, muito menos programas de conscientização sobre a importância da vegetação para a qualidade de vida. As árvores, que deveriam ser vistas como aliadas, são tratados como empecilhos, obstáculos a serem removidos.
A situação se agrava com a falta de cuidado na remoção de árvores que, porventura, apresentem algum risco. Ao invés de remover o tronco e preparar o solo para o plantio de uma nova muda, a prefeitura se limita a cortar a árvore, deixando um toco como cicatriz da negligência.
É preciso inverter essa lógica perversa. A cidade precisa de mais árvores, não menos. É urgente a criação de políticas públicas que incentivem o plantio e a preservação da vegetação urbana. Uma medida eficaz seria um projeto de lei criando o IPTU Verde, concedendo descontos aos cidadãos que cultivarem árvores em frente às suas casas e comércios.
Recebi de um leitor na semana passada fotos sobre uma árvore cortada em frente a uma rede de farmácias na Rua Barão da Lagoa Dourada, na Pelinca, que causou indignação de quem passava pelo local. A empresa, em busca de visibilidade para sua fachada, não hesitou em solicitar da prefeitura a remoção de uma árvore que, certamente, proporcionava sombra e bem-estar a quem transita pelo local.
Há 13 dias atrás, abordamos em outro artigo o corte de árvores ao lado da Câmara Municipal de Campos, onde fica localizado o quadrilátero mais importante e mais arborizado da cidade. A repercussão do caso gerou debates sobre a preservação ambiental e a falta de plantio de mudas nos locais onde ocorreram as remoções dessas árvores.
É preciso que a sociedade civil se mobilize e cobre dos vereadores uma postura mais ativa em defesa do meio ambiente. A inércia do poder público não pode mais ser tolerada. Campos dos Goytacazes clama por uma política de arborização urbana que harmonize o desenvolvimento da cidade com a preservação da natureza.
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