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Auxiliadora Freitas divulga em sua rede social que não será candidata à Deputada Estadual


  • Opinião NF
  • 06 de Junho de 2018 | 17h30
 Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A ex-vereadora Auxiliadora Freitas (PHS), afirmou, em na manhã desta quarta-feira (06), em sua página no facebook que não será mais candidata a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) este ano.

Carta Aberta 


Nasci e cresci na companhia de mãe e pai trabalhadores, pessoas que se dedicavam a  cuidar umas das outras, ganhando o pão de cada dia e sonhando sempre com um mundo melhor.

Pai, servidor público, homem de muitos valores e espírito crítico, sempre disposto a refletir sobre a sociedade, a política... Mãe, dona de casa, ativa, empoderada, preocupada com o bem-estar de todos, articulada, nunca acomodada. Desta mistura, nasce eu, uma sonhadora,  que desde bem pequenina, sonhava ser PROFESSORA. Não preciso dizer que tive todo o incentivo para que realizasse meu desejo. 

Uma vez professora, descobri as desigualdades, as impossibilidades, o descaso, a luta, as dificuldades diárias de fazer educação. Assim, descubro-me, um dia, envolvida com as causas públicas da educação. Da sala de aula para as plataformas de combate. Era assim que eu via minha missão na Educação Estadual e posteriormente, na municipal. Fui Agente de Administração Escolar da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, em Campos dos Goytacazes, nos anos 90 e tempos depois, Secretária de Educação de Campos, de 1997 a 2003 momento de muitas conquistas para o desenvolvimento de e uma educação pública exitosa e por isso recebemos 8 prêmios pelo destaque das políticas públicas emplementadas, inclusive um deles internacional e no ano de 2009.


Aquela menina professora, que no interior, ensinava leitura e escrita aos pequenos e pequenas do campo, desejando apresentar-lhes o mundo inteiro, num segundo, agora podia concretizar seus sonhos mais urgentes. Lutar por mais escolas, professores mais bem formados e valorizados, programas e projetos emancipadores... Foi o que fiz, dentro do tempo que tive para trabalhar. Realizei com a cabeça nas estrelas e os pés no chão. Angústias e êxtases fizeram parte da caminhada que como exercício político, acenou para a minha candidatura à vereadora do meu município.

Minha crença na educação sempre esteve atrelada à paixão pela cultura. Assim, assumi em 2010, à Presidência da Fundação Municipal Trianon, que já não existe mais.

Fiz meu papel de educadora, investindo no espetáculo que ensina, que ilumina, que transforma. De lá, parti para a caravana que me elegeria vereadora, representante da cultura e da educação, em minha cidade. 

Ao fim do meu mandato, tive a oportunidade de prestar contas à população de tudo que fizemos em nossa empreitada. O olhar atento da equipe que me acompanhava e a minha vontade férrea de acertar, de contribuir, revelaram um trabalho do qual me orgulho muito, mesmo que uns poucos, incomodados e interessados em palanques para futuras eleições, descompromissados com o povo, omissos em lutas necessárias, tenham tentado destruir todas realizações sérias e projetos aprovados por mim. 

Hoje, vejo-me, depois de tudo que lhes narrei, triste e decepcionada. Posso dizer que estou mesmo é escandalizada com tudo que vem acontecendo no cenário político brasileiro. A verdade e a mentira estão servidas no mesmo prato e se misturam, escorrendo pelas bordas, manchando reputações. Há uma desilusão a nossa volta que anuncia um futuro muito difícil para os sonhadores e honestos.

Convidada para ocupar uma vaga do meu partido para deputada estadual , com vistas à eleição próxima, sinto-me na obrigação de dizer não ao convite depois de muito pensar e refletir sobre as práticas eleitorais nas campanhas promovidas por muitos. Como poderia acreditar em voto consciente, se percebo que as pessoas, em grande parte, continuam entendendo a dinâmica da vida, como um projeto egoísta de se dar bem e que se danem os outros? 

Sinto que a minha caminhada seria tão solitária que daria dó. Eu, que nunca estive envolvida em questões onde a desonestidade fez morada. Eu, que recolhi a minha dor, muitas vezes, para cuidar da dor dos outros. 

Sei que essas missões, nas quais estive presente, acabam por nos presentear com inimizades que não pensávamos construir, mas faz parte da batalha. Nem todos percebem o tamanho da suas crenças, o quanto que você precisa deixar interesses individuais, de lado, para ver progredir os grandes projetos coletivos. Não há como agradar a todos, principalmente àqueles que vieram para se servir e não para servir ao outro.

Não serei candidata à Deputada Estadual, porque meu coração me diz que pouca coisa mudará. A visão do eleitor ainda se encontra embaçada e pouco se percebe o quanto é importante escolher políticos verdadeiros para empunhar as canetas das decisões. O mau político destrói a humanidade, já que golpeia a esperança, esmaga os sonhos, dos mais desprotegidos. 

Quero desculpar-me com os companheiros fiéis de todas as horas, aqueles que empunharam as minhas bandeiras, juntaram as suas, às minhas, e juraram defender suas crenças, caminhando comigo. Sinto muito! Sinto não acreditar, nesse momento, na possibilidade de transformar essa realidade tão temida por todos e todas. Sinto ser uma educadora temente e crente em um Deus poderoso, que não dorme, que não sorri, que deseja filhos melhores para povoar esse mundo. 

Tempos difíceis, estes, para os que conservam a alma inquieta e a vontade de edificar, com amor e humanidade! 
Uma candidatura só valeria à pena se fosse assumida e promovida por todos os cidadãos e cidadãs que tivessem a mesma causa e o mesmo ideal. Aí sim seríamos livres para juntos promovemos as lutas pela educação que liberta , pela política decente e do bem comum. Mas sinto esses agentes também sem entusiasmo. 
Vale dizer que meu entusiasmo de cidadania está aceso. 
Vou continuar acedendo lampiões.  Mas na política, talvez em outro momento.
Com carinho, atenção e agradecimento. 

Professora Auxiliadora Freitas

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