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A nova corrida do ouro?


  • Olhar Econômico
  • 19 de Fevereiro de 2025 | 08h17
 Foto: Reprodução
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O ouro superou a marca de US$ 2.900 por onça, impulsionado pela busca dos investidores por proteção diante das incertezas sobre as políticas tarifárias de Donald Trump.

Embora algumas iniciativas diplomáticas estejam em andamento para amenizar os conflitos mais evidentes, as tensões geopolíticas permanecem e uma Nova Guerra Fria parece se aprofundar.

A rivalidade entre EUA e China segue sendo o principal eixo da disputa geopolítica, mas outro fenômeno significativo tem ganhado força: a crescente aproximação entre estados párias.

Um exemplo claro é o fortalecimento das alianças entre Rússia, Coreia do Norte e Irã. Após a assinatura de um tratado de defesa mútua entre Vladimir Putin e a Coreia do Norte, o líder russo agora recebeu o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, para formalizar um acordo de parceria estratégica abrangente.

Esse realinhamento global reflete um mundo cada vez mais fragmentado e instável, onde as tensões geopolíticas criam um ambiente de maior volatilidade para os mercados.

Nesse contexto, o ouro se reafirma como um ativo indispensável.

Além de ser uma reserva estratégica para bancos centrais, ele mantém seu status de porto seguro e reserva de valor histórica, acumulando milhares de anos de confiabilidade em momentos de turbulência econômica e política.

Seja como hedge contra crises ou como proteção contra a desvalorização das moedas fiduciárias, o metal precioso segue desempenhando um papel fundamental na preservação de patrimônio diante de um cenário global cada vez mais incerto.

O ouro tem sido cada vez mais adotado não apenas por investidores, mas também por bancos centrais, que reforçam suas reservas como uma forma de blindagem contra choques financeiros e geopolíticos.

Em 2024, o Banco Central da China (PBoC) expandiu suas reservas de ouro em 44,17 toneladas, atingindo um novo recorde de 2.279,57 toneladas.

Esse movimento reflete um esforço de diversificação e independência financeira, reduzindo a exposição ao dólar americano em meio ao crescente uso da moeda como ferramenta de sanções econômicas.

A crescente valorização do ouro como ativo defensivo reforça seu papel central em um mundo cada vez mais polarizado.

A mudança no papel do ouro dentro do sistema financeiro internacional se intensificou após a decisão dos EUA de utilizar o dólar como arma geopolítica.

Desde que Richard Nixon encerrou o padrão-ouro em 1971, as reservas internacionais dos países reduziram drasticamente sua exposição ao metal.

No entanto, as sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos contra a Rússia, após a invasão da Ucrânia, marcaram um ponto de inflexão, desencadeando uma nova onda de acúmulo de ouro por bancos centrais.

O temor de que os EUA possam expulsar nações inteiras do sistema financeiro global tem levado diversos países a fortalecerem suas reservas de ouro, impulsionando os preços e incentivando uma corrida especulativa ao metal.

Assim, os mercados emergentes devem seguir ampliando suas reservas de ouro como blindagem contra pressões econômicas vindas do Ocidente, ao mesmo tempo em que muitas das principais economias já começaram a reduzir suas taxas de juros.

Esse fator, por si só, reforça um cenário de valorização para o metal precioso, pois, historicamente, o ouro tende a se beneficiar em períodos de maior incerteza inflacionária. Em cenários onde a inflação persiste, o ouro tende a valorizar ainda mais.

Mas, esse movimento de valorização deve continuar?

Acredito que sim.

O metal precioso não apenas protege contra riscos sistêmicos, mas também funciona como hedge em moeda forte, diversificando a exposição ao dólar e reduzindo a vulnerabilidade a choques financeiros.

Para investidores que desejam se posicionar nesse cenário, além da compra do ativo em si, existem diversos fundos de investimentos e ETFs como veículos simples e interessantes de exposição ao ouro, oferecendo liquidez e praticidade.

No entanto, qualquer decisão de investimento deve ser tomada com cautela e planejamento estratégico, garantindo que as posições estejam adequadamente dimensionadas, respeitando o perfil de risco individual e assegurando uma diversificação robusta do portfólio.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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