Que a bolsa brasileira está barata, todo investidor está cansado de saber. Eu mesmo já perdi a conta de quantas vezes já falei sobre isso nesta coluna, afinal, ela está próxima dos menores patamares de preço/lucro da história recente.
Mas a verdade é que ela está barata há anos, e já deu para perceber que isso não basta para ganhar dinheiro com ações, pelo menos não enquanto um monte de fatores jogarem contra.
Neste momento temos queda de lucros das empresas brasileiras, taxa de juros de dois dígitos, temores fiscais, preocupações com a sucessão no Banco Central, um desastre de proporções enormes na Região Sul, ameaças de interferências nas estatais (e também nas ex-estatais) e por aí vai.
Sim, a nossa bolsa está realmente barata, mas é preciso mais do que isso para que ela dispare. Para não ficarmos na teoria, vamos lembrar o que aconteceu entre 2010 e 2021:
De 2010 até 2015 (região verde do gráfico), a bolsa chegou a negociar abaixo de 10x lucros diversas vezes, mas isso não bastou para que ela engatasse uma valorização. Na verdade, mesmo "barata", ela ainda caiu mais um pouco, atrapalhada por riscos fiscais, juros elevados, recessão econômica, interferências políticas em estatais, entre outros fatores que seguraram o índice.
A coisa só começou a deslanchar em 2016 (região azul do gráfico), e não foi porque a bolsa estava barata – quer dizer, não só por causa disso. Também tivemos impeachment, reformas (como a da Previdência), desaceleração da inflação, cortes da Selic, Lei das Estatais e recuperação de lucros das empresas para ajudar o índice sair dos 40 mil pontos e chegar aos 120 mil — +200% de valorização.
A dúvida que surge para muita gente é: se ainda não temos as condições "perfeitas", não seria melhor esperar de fora enquanto isso?
Não! É preciso ter parte da carteira exposta às ações brasileiras, porque na verdade a condição primordial já temos, que é a bolsa estar barata.
Como apresentado, só isso não adianta, é preciso que o macro também comece a ajudar. Neste sentido, algumas coisas parecem estar começando a se alinhar, como a Selic cada vez mais próxima de chegar a um dígito, chances de corte de juros voltando à mesa nos Estados Unidos, e a retomada dos lucros corporativos no Brasil, depois de alguns anos difíceis.
Se você estiver de fora e de um dia para o outro aparecer uma notícia muito boa, do jeito que está barata, a bolsa pode subir +10%, +15% na sua cara e você ficará esperando a "nova oportunidade", que pode demorar anos para aparecer.
No entanto, eu sei que você não tem perfil para deixar todo o patrimônio em ações brasileiras. Eu também não me sinto confortável em ver os meus ativos caindo – acredite, abril não foi um mês agradável.
Por isso é preciso ter renda fixa na carteira também, e eu nem estou falando de títulos sofisticados, com indexadores excêntricos. Um bom e velho Tesouro Selic rendendo todos os dias já ajuda muito na tarefa de aguentar os meses ruins de bolsa e conseguir esperar pelo momento em que o macro vai começar a ajudar.
Uma outra forma de amenizar as turbulências internas é investir parte da carteira em ações internacionais (ou nos BDRs, que são os recibos dessas empresas negociados na bolsa brasileira).
Enquanto o Ibovespa luta para ficar com a cabeça fora d'água, a carteira de Ações Internacionais do BTG já rende +18% somente este ano.
Se quiser conferir a carteira completa, de forma gratuita, e saber como investir em empresas como a Microsoft, Nvidia, Amazon e Meta (sim, elas estão na carteira) sem precisar tirar o dinheiro do Brasil, deixo aqui o convite.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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