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  • Olhar Econômico
  • 20 de Março de 2024 | 07h07
 Foto: Reprodução
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 semana passada se encerrou no Brasil com o mercado financeiro enfrentando uma maré de desafios: o Ibovespa caiu, os juros e o dólar subiram.

Tudo isso às vésperas de uma semana recheada de decisões cruciais sobre política monetária ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos, a resiliência da inflação está pressionando o Federal Reserve (Fed) a ser mais ponderado em suas ações, apesar das expectativas predominantes de que o ciclo de redução dos juros possa começar em junho.

O foco dos investidores está especialmente voltado para as projeções futuras que serão reveladas pelo famoso gráfico de pontos após a reunião desta quarta-feira, um documento que indicará as expectativas dos membros do Federal Open Market Committee (Fomc) sobre a direção futura das taxas de juros.

Com uma atuação comparável ao Comitê de Política Monetária (COPOM), o Fomc tem o potencial de influenciar a economia global e também direcionar os rumos dos investimentos. 

Dada a persistente preocupação com a inflação, é provável que as novas projeções sugiram um número menor de cortes nas taxas de juros para este ano do que os três inicialmente previstos para junho, setembro e dezembro.

Mas a atenção não se restringe apenas aos Estados Unidos e Brasil.

Esta semana marca um período intenso de decisões de política monetária ao redor do mundo, com implicações para seis das dez moedas mais negociadas internacionalmente.

Este panorama global de decisões monetárias evidenciará como as percepções dos bancos centrais sobre os riscos inflacionários estão começando a divergir significativamente, impactando diretamente as estratégias dos investidores e o comportamento do mercado financeiro.

No Brasil, o debate é se o Banco Central (BC) vai manter ou abandonar a orientação futura que vem adotando, a qual tem indicado a continuidade do ritmo de cortes na taxa Selic conforme visto nas últimas reuniões.

Um abandono, pode sinalizar moderação na velocidade de redução da Selic, sugerindo inclusive a possibilidade de um encerramento precoce do ciclo de cortes.

Esta decisão está especialmente sob os holofotes dada a série de indicadores econômicos positivos recentemente observados, destacando-se o desempenho dos setores de serviços, varejo e emprego.

No entanto, a combinação de uma inflação teimosa, incertezas no campo fiscal e um adiamento na normalização da política monetária nos EUA podem compelir o BC brasileiro a repensar suas próximas ações quanto à política de juros.

Diante deste pano de fundo, o Copom pode decidir por realizar mais dois ajustes de 0,5% hoje e em maio, para então talvez moderar o ritmo de cortes para 0,25% a partir de junho.

A revisão da meta fiscal pelo governo é iminente; a questão que permanece é a magnitude e o timing dessa revisão. Entenda, se não há uma âncora fiscal, precisamos ao menos de uma monetária (juros mais elevados).

Neste cenário, cresce entre os investidores a expectativa de que o Copom possa adotar uma postura mais conservadora, especialmente considerando a projeção de que a inflação possa encerrar o ano mais próxima do limite superior da meta do que do objetivo central.

Nos Estados Unidos, o ressurgimento da inflação como um ponto central de preocupação impulsionou os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano.

Notável também é a evolução das expectativas do mercado quanto à política monetária do Fed. Inicialmente, esperava-se até sete cortes na taxa de juros para 2024. Agora, alinha-se à previsão feita pelo BC americano em dezembro, que antecipava apenas três reduções ao longo deste ano.

Dada esta perspectiva, é provável que hoje se mantenha as taxas de juros estabilizadas entre 5,25% e 5,5%, refletindo um ajuste nas expectativas e um cenário econômico que continua a desafiar as previsões.

Um eventual ajuste nas projeções, por outro lado, poderia resultar em um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro e uma retração nos ativos de maior risco.

Dada a solidez da economia americana e a continuidade da inflação, exacerbadas pelo aumento dos preços do petróleo, que atingem máximas de quase cinco meses, é natural que cresça a preocupação com possíveis revisões dessas expectativas.

Essa conjuntura alimenta a apreensão de que o Fed possa ajustar suas projeções, potencialmente limitando-se a apenas dois cortes de juros até o final do ano, em sua próxima reunião.

Tal perspectiva, ainda que não seja a dominante no momento, poderia desencadear impactos negativos nos mercados emergentes, que são profundamente influenciados pela política de taxas de juros dos EUA.

Este cenário, em um panorama macroeconômico sem precedentes, sublinha a incerteza dos caminhos a serem percorridos para a normalização da inflação global em direção às metas predefinidas.

Mesmo diante de análises perspicazes e projeções, a rota exata para a estabilização permanece uma incógnita, navegando por um território desconhecido repleto de especulações.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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