O bitcoin alcançou recentemente o patamar de US$ 72 mil, um marco que ocorreu simultaneamente com o ouro. O tradicional metal precioso chegou a ultrapassar sua máxima anterior, chegando a ser negociado recentemente acima de US$ 2.180 por onça.
Entendo que esses avanços se manifestaram no contexto de uma correção nas ações de tecnologia, que impactou os mercados justamente antes da divulgação dos dados de inflação nos EUA.
Após um início de ano turbulento, a redução nos rendimentos dos Treasuries (renda fixa americana) e a desvalorização do dólar frente a algumas moedas fortes nas últimas semanas favoreceram o ouro.
Isso reflete a leitura do mercado sobre os recentes indicadores econômicos como sinais de uma potencial desaceleração econômica, depois do receio de uma aceleração exacerbada.
Dinâmica similar tem sido observada no mercado de criptomoedas, influenciada também pela introdução de ETFs de bitcoin (fundos negociados na bolsa que seguem o preço do bitcoin).
Neste cenário, onde a inflação parece diminuir e o dólar se mantém estável, ambos os ativos — ouro e bitcoin — deveriam se beneficiar.
Um índice de inflação hoje abaixo do antecipado poderia impulsionar ainda mais ambas as classes de ativos, já que reforçaria a expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (banco central americano), pressionando os rendimentos dos Treasuries.
Mas como fica o ouro?
Para o ouro sustentar uma valorização contínua, é essencial a percepção de que as taxas de juros estão em declínio, considerando que o ouro não gera rendimentos por si só. Inclusive historicamente, aumentos no preço do ouro frequentemente precederam reduções nas taxas de juros.
Embora os dados recentes ofereçam uma visão ambígua sobre a inflação, a expectativa majoritária é que o próximo movimento do Federal Reserve seja o corte nas taxas, aumentando a atratividade do ouro.
Um movimento em direção a uma política monetária mais frouxa favoreceria ativos de risco em geral, mas especialmente criptomoedas e ouro.
Não é de hoje que enfatizo a relevância de incorporar ouro como um elemento de proteção no portfólio de investimentos, já tendo abordado o assunto em artigo anterior nesta coluna.
Uma alocação de até 2,5% do portfólio, variando de acordo com o perfil de risco do investidor, sendo necessário ajustes periódicos, dada a volatilidade característica do ouro.
Como investir em ouro?
Investidores têm a opção de alocar em fundos de investimento em ouro que ofereçam custos baixos e não apliquem hedge cambial, como é o caso do BTG Pactual Reference Ouro.
Alternativamente, ETFs disponíveis no Brasil, como o GOLD11, ou internacionais, como o iShares Gold Trust (NYSE: IAU), também são viáveis.
A incerteza do futuro demanda uma preparação abrangente para diversos cenários, algo possível através de um gerenciamento cuidadoso das alocações e uma diversificação estratégica da carteira, incluindo as proteções necessárias.
E o bitcoin afinal?
Em relação às criptomoedas, como mencionei anteriormente, os ETFs representam um marco importante. A facilitação do acesso dos investidores a esses ativos digitais por meio de fundos geridos por administradores renomados, como BlackRock, Fidelity e ARK, promete ser um divisor de águas no mercado.
Desde 11 de janeiro, os ETFs de bitcoin já registraram mais de US$ 7 bilhões em fluxos líquidos e mais de US$ 50 bilhões sob custódia, marcando o lançamento mais bem-sucedido na história dos ETFs.
A entrada dos investidores institucionais tem um impacto significativo no mercado de criptoativos, com os ETFs adquirindo uma média superior a meio bilhão de dólares de volume por dia, o que representa uma demanda sem precedentes.
Para se ter uma ideia, enquanto a rede bitcoin gera cerca de 900 BTC por dia, os ETFs têm adquirido aproximadamente dez vezes essa quantidade. Após o próximo halving, essa proporção deverá dobrar, considerando as demais condições constantes.
O halving do bitcoin
O halving é um evento programado no protocolo do bitcoin que reduz pela metade a recompensa por bloco minerado a cada 210.000 blocos, ou aproximadamente a cada quatro anos, limitando assim a oferta de novos bitcoins.
Embora o impacto na oferta de BTC seja relativamente limitado, a perspectiva de escassez reforçada pelo halving continua a ser uma narrativa persuasiva no mercado.
O ponto alto será a potencial redução das taxas de juros pelo Federal Reserve, ecoando o que mencionei anteriormente sobre o ouro.
Em 2021, quando o bitcoin negociava perto da faixa dos US$ 60 mil, as taxas de juros americanas estavam quase a zero, elevando ao máximo o incentivo ao risco, enquanto a precificação e o valor das criptomoedas, particularmente as menores, pareciam estar em um patamar irreal.
Atualmente, o bitcoin atinge marcas recordes, mesmo com as taxas de juros americanas superiores a 5% e sem uma clareza do Fed sobre o calendário de cortes futuros.
Com uma futura redução das taxas de juros, analistas estimam que o bitcoin possa ultrapassar os US$ 100 mil ou mais.
Tome o devido cuidado!
Desta forma, minha perspectiva quanto à integração de criptomoedas em carteiras de investimento continua positiva, especialmente depois de ver o bitcoin valorizar cerca de 226% nos últimos doze meses. Somente neste ano, a criptomoeda já apresenta um avanço superior a 60%.
No entanto, considero que uma abordagem conservadora deveria incluir até 1% do portfólio em criptos, enquanto um plano mais audacioso poderia ir até 5%, sendo fundamental ajustar essas porcentagens à medida que os ativos se valorizam.
Para a realização de lucros, a sugestão é esperar que a alocação dobre, garantindo que as proporções se mantenham alinhadas às dinâmicas de mercado, respeitando o perfil de risco e assegurando uma diversificação protegida da carteira.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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