Na última semana, o mundo dos investimentos ficou mais triste. Perdemos Charlie Munger, um dos maiores investidores de todos os tempos e, mais do que isso, uma pessoa singular.
Em seus quase 100 anos de vida, o escudeiro de Warren Buffett nos deixou várias lições, e seria impossível tentar colocar tudo aqui.
Contudo, os ensinamentos mais importantes dele para mim são sobre a inveja. Mais especificamente, duas citações memoráveis sobre o assunto:
"A inveja é um pecado extremamente estúpido, porque é o único dos sete pecados capitais dos quais você não tem nenhuma diversão."
"Aqui vai uma verdade que provavelmente o seu assessor de investimentos discordará: se você está ficando rico e um conhecido está ficando rico mais rápido que você, por exemplo, investindo em ativos arriscados, e daí?! Alguém sempre estará ficando mais rico mais rápido do que você. Isso não é uma tragédia."
Por que isso é importante? No mundo dos investimentos, sempre estaremos rodeados de comparações, que por vezes podem escalar para a inveja ou a sensação de que estamos sendo passados para trás.
"Tal fundo subiu X%, enquanto o outro valorizou Y% no período", "uma ação subiu 10% no período, enquanto aquela outra cresceu o dobro", "um determinado título de renda fixa ganhou Z% de valor no ano, enquanto o Tesouro Selic rendeu W%", e por aí vai…
Como investidores, sempre estaremos reféns dessas comparações, que na verdade podem se tornar perigosas e nos levar a conclusões equivocadas.
Não necessariamente o que subiu mais é melhor, porque muitas vezes os riscos associados são omitidos nessas comparações.
Um exemplo simples e fácil de entender é a escolha entre o Tesouro Selic ou uma debênture de uma empresa que não está muito bem das pernas.
Entre um retorno de 12% sem risco no Tesouro Selic e 13% na tal debênture, você não deveria ter dúvidas de que é melhor investir no primeiro, ainda que o retorno do segundo pareça maior.
Eu trouxe esse assunto à tona não apenas para lembrar dessa lição do Charlie Munger, mas porque venho abordando nesta coluna que se o ciclo de corte de juros no Brasil realmente começar a acelerar e as taxas pararem de subir nos Estados Unidos, há grandes chances de estarmos caminhando para um período ainda mais favorável para a renda variável.
E isso significa que, em breve, você começará a se deparar com aquele vizinho, ou aquele parente contador de vantagem, todos dizendo que estão ganhando rios de dinheiro com o mercado de ações.
Em um cenário que o Ibovespa estiver subindo 50% em 12 meses, você começará a ficar desconfortável em ver sua carteira rendendo "apenas" 30%, especialmente se a rodinha de amigos e amigas estiver com retornos melhores do que os seus.
Mas será que isso é realmente um problema? Veja, se mesmo investindo em empresas boas e com parte do seu portfólio seguro em renda fixa você está vendo o patrimônio crescer 30%, por que sofrer com o ganho de 50% dos outros?
Você não sabe onde eles estão se metendo, quais riscos estão assumindo e, mais importante, quanto eles estão arriscando do patrimônio se o mercado virar de uma hora para outra.
Não sei você, mas entre uma viagem tranquila de três horas e outra que dura a metade do tempo, mas com sérios riscos de um acidente grave, eu escolho a primeira.
Lembre-se: "agressivar" é diferente de fazer loucura.
Não precisa ser como Charlie Munger para saber que, dependendo da melhora do ambiente, pode ser necessário fazer algumas alterações na carteira.
Reduzir um pouco a posição em renda fixa, alocar um pouco mais em ações de empresas cíclicas, que se beneficiam mais da queda de juros e aumento do PIB, são alterações que ajudam a aproveitar a melhora do mercado. Mas isso não significa entrar em qualquer bolha que você encontrar por aí.
Mas não se preocupe, quando elas começarem a aparecer, eu pretendo voltar para alertar você, combinado?
Até lá, ainda dá para aproveitar bastante a valorização das ações brasileiras, que apesar do excelente mês de novembro, ainda seguem descontadas e com muito potencial caso realmente estivermos diante de um período de juros mais baixos.
Outra classe de ativos que deve se beneficiar dessa queda de juros são os Fundos Imobiliários (FIIs), cujos rendimentos começam a ficar mais atrativos à medida que a Selic diminui, o que também deve começar a gerar maior procura por essa classe de ativos.
Aliás, o BTG Pactual, banco no qual atuo como assessor de investimentos, possui um relatório gratuito para você acessar os melhores FIIs para gerar renda com imóveis em 2024. Se quiser conferir a lista, deixo aqui o convite.
O maior banco de investimentos da América Latina também possui um documento com as empresas que podem valorizar muito em breve: veja 10 ações recomendadas para você investir AGORA e poder surfar o próximo bull market brasileiro. O relatório GRATUITO está disponível aqui.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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