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Comprar o iPhone 15 ou investir o dinheiro?


  • Olhar Econômico
  • 08 de Novembro de 2023 | 09h29
 Foto: Reprodução
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Quanto rende os mais de R$ 7 mil do novo aparelho? Essa é uma questão que muitas pessoas podem se fazer diante do lançamento do novo smartphone da Apple, que tem preços que variam de R$ 7.299 a R$ 13.999 no Brasil.

Será que vale a pena gastar essa quantia em um aparelho que oferece novas funcionalidades, design e câmera, ou seria melhor aplicar esse dinheiro em algum investimento que possa trazer um retorno financeiro no futuro?

Não há uma resposta única e definitiva para essa pergunta, pois depende de vários fatores, como as preferências, necessidades, objetivos e perfil de cada pessoa. No entanto, é possível fazer algumas comparações e simulações para ter uma ideia de qual seria a melhor opção para cada caso.

Para isso, considerarei o preço médio do iPhone 15 no Brasil, que é de R$ 10.649, e irei supor que uma pessoa tenha esse valor disponível para comprar o aparelho à vista ou investir em algum produto de renda fixa, que são considerados os mais seguros e conservadores do mercado.

Analisar três opções de investimento: um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que pague 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), uma LCI (Letra de Crédito Imobiliário) ou LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) que pague 98% do CDI e um Tesouro Selic. Esses são alguns dos investimentos mais populares e acessíveis para quem quer aplicar o seu dinheiro com baixo risco e liquidez.

Lembro que o CDI é frequentemente utilizado como benchmark para investimentos em renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, CDBs e fundos de renda fixa. Ele reflete a taxa de juros média das operações entre instituições financeiras e possui valor aproximado a SELIC.

A principal diferença entre o CDI e a SELIC é o fato de a SELIC ser utilizada pelo governo para renumerar bancos que emprestam dinheiro entre si por meio de títulos do Tesouro Nacional, enquanto o CDI refere-se apenas aos empréstimos de curto prazo fomentados entre as próprias instituições financeiras com seus próprios recursos– sem a necessidade de utilizar títulos do Tesouro Nacional.

Apesar de bastante distintas, ambas as taxas acabam tendo atuações semelhantes quanto o assunto são os investimentos

Dito isso, simularei um período de 12 meses e aplicar apenas o valor de R$ 10.649. Assim, teremos os seguintes resultados:

* CDB 100% CDI: rendimento líquido de R$ 1.111,36. Valor total ao final de 12 meses: R$ 11.760,36.

* LCI/LCA 98% CDI: rendimento líquido (isento de Imposto de Renda) de R$1.145,03. Valor total ao final de 12 meses: R$ 11.794,03.

* Tesouro Selic: rendimento líquido de R$ 1.087,36. Valor total ao final de 12 meses: R$ 11.736,36.

Como é possível verificar, a opção mais rentável nesse caso, seria investir em uma LCI ou LCA que pague 98% do CDI, pois ela oferece o maior rendimento e é isenta de Imposto de Renda.

No entanto, isso não significa que comprar o iPhone 15 seja uma má ideia. Afinal, o aparelho pode trazer benefícios não financeiros para a pessoa, como satisfação pessoal, status social, entretenimento, produtividade etc. Esses benefícios podem ser mais importantes para algumas pessoas do que o retorno financeiro.

É preciso considerar também que o iPhone 15 não perde todo o seu valor após a compra. Ele pode ser revendido no futuro por um preço menor, mas ainda significativo.

Por exemplo, se considerarmos que o iPhone 14 foi lançado em outubro de 2022 por preços entre R$ 6.999 e R$ 9.499, e que hoje ele pode ser encontrado por valores entre R$ 4.999 e R$ 6.999, podemos estimar que ele perdeu cerca de 30% do seu valor em um ano. Ao aplicar essa mesma porcentagem no iPhone 15, posso supor que ele poderia ser revendido por valores entre R$ 5.109 e R$ 9.799 em um ano.

Assim, se uma pessoa comprasse o iPhone 15 por R$ 10.649 e o revendesse por R$ 7.454 (a média entre os valores estimados), ela teria uma perda financeira de R$ 3.195 em um ano.

O artigo de hoje busca mostrar que existe um conflito clássico em finanças que é o dilema entre gastar ou poupar. Basicamente, a toda hora nos deparamos com esse trade-off entre consumir ou guardar para o futuro. Quando consumimos, não poupamos e quando poupamos, não consumimos.

Muita gente não percebe que pode sofrer influências de fatores externos que acabam direcionando suas decisões.

E o pior é que na maioria das vezes essas influências são em direção ao consumo, dado o grande poder das técnicas de marketing, que sempre buscam nos inclinar a gastar, mesmo quando não necessitamos realmente de um produto ou serviço.

Ter a plena consciência do trade-off entre gastar e poupar pode nos ajudar a tomar decisões de melhor qualidade, propiciando uma análise mais abrangente sobre a verdadeira necessidade do consumo.

Portanto, a decisão entre comprar o iPhone 15 ou investir o dinheiro depende de uma análise pessoal de cada um, levando em conta os aspectos financeiros e não financeiros envolvidos. Não há uma resposta certa ou errada, mas sim uma escolha que deve ser feita com consciência e responsabilidade.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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