Estamos à beira de uma incursão terrestre de Israel na Faixa de Gaza, em resposta aos ataques terroristas do Hamasas. Milhares de palestinos deixaram o norte do território, seguindo o alerta de evacuação israelense.
À medida que o conflito se intensifica, a Arábia Saudita suspendeu o acordo de normalização de relações com Israel, mediado pelos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, o Presidente Biden prometeu que os EUA colaborariam com outros governos para aumentar a ajuda humanitária na região, buscando evitar a morte de civis.
De fato, assim como guerras passadas no Oriente Médio, o conflito entre Israel e o Hamas tem o potencial de perturbar a economia mundial e levá-la à recessão se mais países forem envolvidos.
Uma escalada mais severa poderia levar Israel a um confronto direto com o Irã, fornecedor de armas e financiamento ao Hamas.
Nesse cenário, a Bloomberg Economics estima que os preços do petróleo podem subir para 150 dólares por barril e o crescimento global pode diminuir para 1,7% - um golpe ao crescimento que pode retirar cerca de 1 trilhão de dólares do PIB mundial.
Neste contexto, se apresentam três cenários:
i) um conflito restrito ao território de Israel e da Palestina;
ii) uma escalada para uma "guerra por procuração" do Irã, utilizando grupos radicais no Líbano e na Síria; e
iii) um aumento para uma guerra direta contra o Irã.
Todos esses cenários implicam em preços mais altos do petróleo, inflação aumentada e crescimento econômico mais lento.
Até o momento, vimos o preço do petróleo retornar à marca dos US$ 90 por barril, os juros de longo prazo nos Estados Unidos se mantendo em níveis altos, empresas ligadas ao setor de petróleo ganhando valor nas bolsas globais e uma apreciação do dólar.
Relatos de ataques a posições militares no Líbano e na Cisjordânia surgiram, com a possibilidade de uma revolta dos palestinos.
O próprio presidente da Autoridade Palestina indicou que o Hamas não representa o povo palestino, buscando uma solução para a situação dos 2 milhões de habitantes na Faixa de Gaza. No curto prazo, a maior probabilidade de envolvimento é do Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano.
Dado o papel central da região como um polo energético global, um conflito direto entre Israel e o Irã poderia desencadear uma elevação nos preços do petróleo.
A gama de possíveis desdobramentos da guerra é vasta, e dentro dela, voltamos a ter que considerar eventos extremos, o que costuma ser especialmente problemático, pois nos impede de fazer projeções precisas e eleva consideravelmente as complexidades de gerenciamento de risco.
O impacto potencial sobre a inflação e as taxas de juros, caso esse cenário se concretize, é evidente. Um preço mais elevado do petróleo pode complicar a questão da inflação, tornando-a mais resistente.
Isso ocorre justamente quando, pela primeira vez desde 2020, as projeções apontam que a inflação brasileira ficará próxima ao teto da meta este ano, em 4,75%.
Lembro que a meta estabelecida pelo governo é de 3,25% para 2023, com uma margem de 1,5 ponto percentual, resultando em um teto de 4,75%.
Para 2024, a previsão é de IPCA de 3,88%, em comparação com uma meta de 3%, mantendo a mesma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Uma inflação mais resistente não altera a trajetória do ciclo de queda da Selic, mas pode reduzir a vontade do Banco Central de realizar cortes mais agressivos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia que a velocidade de redução da Selic será mantida em 50 pontos-base por um período, mesmo diante de um agravamento do cenário internacional devido ao conflito no Oriente Médio.
Essa avaliação do ministro é congruente com as indicações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, sem modificar seu cenário principal, sugeriu que as chances de desacelerar as reduções de juros são maiores do que as de acelerá-las.
Haverá um espaço ainda maior para reduções nas taxas de juros se o Congresso aprovar o pacote de medidas que pode auxiliar o governo a cobrir o déficit de R$ 168 bilhões no Orçamento do próximo ano.
Provavelmente nesta semana, ocorrerá a votação do projeto de taxação de fundos exclusivos e offshores, parte integral do pacote da Fazenda para aumentar a arrecadação e atingir a meta de eliminar o déficit das contas públicas até 2024.
Essa medida permitiria que a Fazenda mantivesse seu foco na agenda de arrecadação. Se isso se concretizar, a curva de juros terá razões para relaxar.
Sigo com a previsão de uma Selic em torno de 11,75% até o final deste ano, indo em direção a aproximadamente 9% até o término de 2024.
Este cenário tende a ser benéfico para os ativos brasileiros, que, mesmo atualmente, estão substancialmente subvalorizados.
Em outras palavras, apesar da volatilidade no curto prazo, muito impulsionada pela incerteza internacional e pelo nosso risco fiscal, percebo de forma positiva o investimento em ações brasileiras.
No entanto, isso deve ser executado com a devida avaliação das posições, alinhada ao seu perfil de risco, e com uma diversificação adequada da carteira, incluindo as proteções necessárias.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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