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Abuso infantil: Rompendo o silêncio e fortalecendo a prevenção


  • Papo de Psicólogo
  • 03 de Outubro de 2023 | 08h59
 Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Nos quatro primeiros meses de 2023, o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) lançou um sinal de alerta para a sociedade brasileira, revelando números alarmantes de violações de direitos humanos de crianças e adolescentes. Durante esse período, foram registradas um total de 69,3 mil denúncias e 397 mil violações de direitos humanos direcionadas a essa faixa etária vulnerável.

No âmbito dessas denúncias, uma triste e perturbadora estatística veio à tona: mais de 17 mil delas diziam respeito a violações sexuais contra crianças e adolescentes. Essas violações abrangiam um espectro de atrocidades que incluíam abuso, estupro e exploração sexual, tanto física quanto psíquica. Esse número, 17,5 mil, não representa apenas uma estatística fria, mas vidas destroçadas e traumas que marcarão para sempre a vida dessas jovens vítimas.

Nos últimos dias, a população campista ficou abalada por uma série de acontecimentos que nos deixaram revoltados. Casos de abusos sexuais vieram à tona, e o que torna essas situações ainda mais perturbadoras, é que os supostos abusadores eram membros da família, o próprio pai e o avô das vítimas.

A repercussão desses tristes eventos se espalhou por toda a sociedade como um eco de indignação. A confiança em nossos laços familiares, que deveriam ser um refúgio de amor e proteção, foi abalada de maneira profunda e dolorosa. É difícil compreender como alguém que deveria ser um pilar de apoio pode se tornar um agressor.

Estes casos trágicos também nos lembram da urgência de educar nossos jovens sobre respeito, consentimento e proteção pessoal. É um chamado à ação para que todos nós como membros desta sociedade, trabalhemos juntos para criar um ambiente seguro e acolhedor para nossas crianças.

Neste artigo, discutiremos estratégias e orientações para auxiliar as crianças e os jovens e reduzir o risco de que se tornem vítimas de violência sexual.

De acordo com a Psicóloga Manuela de Paula pós graduada em Teoria Cognitiva Comportamental e Neuropsicologia, com experiencia clínica em atendimento com crianças, diz que: “precisamos falar sobre as partes do corpo, explique o porquê existem partes chamadas de “íntima”.

1 - Fale para a criança que um toque, mesmo que seja fazer cócegas, sendo em algum dos “lugares secretos”, “íntimos”. É desrespeito! É proibido!

Diga que mesmo que ela conheça a pessoa ou mesmo que seja outra criança – as regras são as mesmas.

2 - Explique à criança que as partes íntimas do seu corpo são chamadas de íntimas, porque não são para que todos vejam. Explique que a mamãe e o papai podem até vê-los nus enquanto lhes auxiliam no banho e/ou na troca de roupa, mas nem o papai e nem a mamãe podem “fazer carícias ou cócegas” em suas partes íntimas. E esta regra continua para as pessoas que não vivem com ela na mesma casa. Os adultos e os coleguinhas só devem vê-los vestidos.

3 - Ensine os limites do corpo, explique que os segredos são ruins, pois,  a maioria dos abusadores dizem a criança para manter o abuso em segredo. Isso pode ser feito de uma maneira amigável, como “Eu adoro brincar com você, mas se contar a outra pessoa sobre o que fazemos, não vão me deixar voltar aqui” ou como uma ameaça – “Este é o nosso segredo. Se você contar a alguém, vou dizer que a ideia foi sua e você vai ter um grande problema”; “Sua mãe pode morrer atropelada se você contar o nosso segredo”. Diga a criança que não importa o que alguém lhe fale, segredos sobre tocar em partes do corpo são ruins. Deixe a criança saber que ele deve sempre lhe contar se alguém está tentando fazê-la manter segredos. Diga-lhe que você jamais ficará zangado com ela se ela lhe contar e jamais achará que ela teve culpa. Devemos também orientar as crianças sobre não permitir que ninguém deve fotografar suas partes íntimas. Ensine-a a dizer: “você não tem autorização para tirar uma foto minha”.

É assim, a especialista conclui que: “Sabemos que somente essas instruções não impedirão o abuso, mas as crianças correm um risco muito maior sem elas. O conhecimento é uma força poderosa para o abuso sexual na infância – especialmente com crianças pequenas que são alvo mais fácil devido à sua inocência nesta área. Tenha essas conversas frequentemente. Uma vez não é suficiente. Este é um tópico que deve ser revisitado e discutido sempre.

                Você pode ajudar nessa missão e contribuir para a garantia do direito à criança e ao adolescente. Disque 100. Ligue. Denuncie.

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