Aqui estamos diante de mais uma "Super Quarta". Dia que inclui reuniões de política monetária tanto no Brasil quanto nos EUA.
Na verdade, a semana toda está repleta de encontros. Começamos com EUA e Brasil na quarta-feira, seguimos para o Reino Unido na quinta-feira e encerramos a semana com o Japão na sexta-feira. Essa sequência de reuniões sucede a realizada pela Zona do Euro na semana passada.
Apesar da proximidade das datas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil está em uma posição distinta em comparação com outros lugares.
Aqui, espera-se mais uma redução de 0,5% na Selic, levando a taxa para 12,75% ao ano. A incerteza recai sobre o comunicado que acompanhará a decisão.
Por enquanto, o cenário predominante é manter a linguagem atual, antecipando mais cortes de 0,5% até o final de 2023, resultando em uma taxa básica de juros de 11,75% ao ano.
Contudo, dependendo dos dados nos próximos meses até dezembro, pode haver uma aceleração no ritmo de queda.
Por exemplo, se tivermos mais dados de inflação semelhantes a agosto, quando os números ficaram no limite inferior das estimativas e apresentaram qualidade favorável, um corte de 0,75% em dezembro pode ser possível. Isso colocaria a Selic em 11,50% no final de 2023, o que seria bastante interessante.
Os mais céticos quanto à mudança na linguagem do BC para acelerar a queda dos juros baseiam sua posição no fato de que as expectativas de inflação estão acima das metas, a economia continua a mostrar um crescimento resiliente e o mercado de trabalho permanece apertado. Nesse sentido, é necessário exercer prudência.
Também é importante lembrar de três aspectos:
i) a situação fiscal deteriorou-se nas últimas semanas, com o mercado questionando a execução do Orçamento de 2024;
ii) a pressão dos alimentos e combustíveis no IPCA; e
iii) o dólar mantém-se em um patamar mais próximo de R$ 4,90 do que R$ 4,70.
Sobre o segundo ponto, a escalada nos preços do petróleo introduziu o risco de novos reajustes da gasolina e do diesel.
Essa nova dinâmica na balança de riscos diminui as chances de uma queda de 0,75% em dezembro. Uma aceleração até lá não é impossível, mas é menos provável. Em 2024, essa possibilidade aumenta.
Até o fim do ano que vem, devemos nos encaminhar para uma Selic de um dígito, podendo encerrar o ano entre 8,5% e 9,5%, dependendo dos dados da economia brasileira nos próximos 12 meses.
Enquanto isso, nos EUA, a situação é um pouco distinta.
Espera-se que o banco central mantenha as taxas estáveis na quarta-feira, entre 5,25% e 5,50%, mas o foco dos mercados estará no chamado gráfico de pontos do Fed, que ilustra as projeções das autoridades sobre as taxas.
Na última vez, em junho, o documento mostrou mais dois aumentos de taxas em 2023, sendo que já tivemos um deles em julho.
Uma questão crucial é se o Federal Reserve (Fed) irá aumentar as taxas novamente antes do fim do ano – o mercado não acredita que isso ocorrerá – e quando começará a reduzi-las.
Embora o gráfico de projeções seja informativo até certo ponto, o Fed está condicionado aos dados, e, portanto, a trajetória futura das taxas pode mudar rapidamente.
Eu considero bastante provável que haja mais um aumento de 0,25% até o final do ano antes de encerrar o ciclo de aperto monetário, ao contrário do que ocorreu na reunião do Banco Central Europeu (BCE) na semana passada, quando provavelmente vimos o final do ciclo de aperto monetário na região, chegando a 4% ao ano.
Os dados de inflação nos EUA, estarão no centro das considerações – o índice de preços ao consumidor subiu para um ritmo anual de 3,7% em agosto, em comparação com os 3,2% de julho.
No entanto, não se resume apenas aos dados principais. Outros fatores estão alimentando a inflação que o Fed vai monitorar enquanto busca atingir sua meta de 2%. O custo da energia é uma consideração, assim como os aumentos salariais.
Com a inflação significativamente acima da meta e uma atividade econômica robusta, o Fed pode preferir manter a porta aberta para mais aumentos, em vez de declarar imediatamente o fim do ciclo de aperto monetário, correndo o risco de surpresas.
Fundamentalmente, o comportamento das taxas de juros é o que determina o ciclo de mercado. Essa taxa de juros está apenas começando a cair no Brasil agora.
Nos Estados Unidos, por outro lado, mesmo que haja debate circunstancial sobre um possível aumento adicional ou não na taxa básica de juros até o final do ano, estamos claramente na fase de ajuste fino. Em um ano, é provável que o Fed já tenha iniciado seu ciclo de redução da taxa básica.
Sempre bom lembrar que historicamente, em períodos sem recessão ou crises severas, os ciclos de redução de juros estão associados a uma valorização acentuada dos ativos de risco.
Portanto, vejo com otimismo o investimento em ativos de risco no Brasil neste momento.
É claro que isso deve ser feito com a devida adequação das posições, de acordo com o perfil de risco, e uma diversificação apropriada da carteira, acompanhada das proteções correspondentes.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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