Bastou a bolsa sair dos 97 mil pontos ali em abril para os atuais 116 mil pontos para os gurus do mercado financeiro ressurgirem com seus cursos sobre como ganhar dinheiro fácil com ações enquanto ostentam suas quatro telas de ‘trading’ e suas Ferraris alugadas em campanhas patrocinadas no Instagram. Tenho certeza que você já se deparou com algo do tipo.
Brincadeiras à parte, e se eu te contasse que existe uma receita de bolo estatisticamente comprovada para ganhar dinheiro com ações. Você acreditaria?
Pois bem, trata-se da “fórmula mágica” de Joel Greenblatt, professor da Columbia Business School e um dos investidores mais bem-sucedidos de todos os tempos.
Entre 1985 e 2005 seu portfólio de ações acumulou um retorno anual médio de 49%. Sim, você leu certo: QUARENTA E NOVE POR CENTO!
O retorno é tão impressionante que ele escreveu um livro chamado “A Fórmula Mágica de Joel Greenblatt para Bater o Mercado de Ações” em que basicamente ensina o seu jeito de ganhar dinheiro com ações.
O livro inteiro tem 167 páginas e dá para ler no fim de semana. Ele serve como um guia que pode tanto ajudar investidores experientes quanto os que estão iniciando no mercado de ações.
Apesar de ser estatisticamente comprovada como ganhadora de dinheiro e ser ‘facilmente’ seguida por qualquer investidor, são poucos os que conseguem adotar fielmente esta estratégia por muitos anos.
A tal “fórmula mágica” elenca as ações com base em dois indicadores, são eles:1) earnings yield ou rendimento dos lucros, na tradução livre para o português e 2) retorno sobre o capital investido, conhecido como ROIC.
O earnings yield é uma medida para saber se a empresa está barata e, no caso da “fórmula mágica”, é calculada pela divisão EBIT / EV.
De forma simples, o EBIT é a sigla em inglês para lucro antes de juros e imposto de renda, que nos diz qual foi o lucro gerado pela operação de uma empresa.
Já o EV ou Enterprise Value (valor da firma, em português) é o valor total da empresa distribuído entre acionistas e credores. Ou seja, uma empresa que tem um EBIT de R$ 300 milhões e um EV de R$ 1 bilhão tem um earnings yield de 30%, tão simples quanto isso.
Já o ROIC é usado para avaliar se a empresa é um bom ou mau negócio.
Conforme Greenblatt explica no capítulo 5: “Se você ficar firme e só comprar boas empresas (aquelas que oferecem altos ROICs), e só as comprar a preços irrisórios (preços que lhe dão um alto earnings yield), você poderá comprar sistematicamente muitas fatias das boas companhias das quais o doido do Sr. Mercado tiver decidido, literalmente, se desvencilhar”.
Para combinar os dois indicadores acima, Greenblatt usa o seguinte método:
Primeiro, ele puxa os dados de todas as 3500 maiores empresas cujas ações eram negociadas nas maiores bolsas de valores dos EUA. Em seguida, cada companhia recebe uma classificação que vai de 1 a 3500, com base em seu ROIC.
Ou seja, a empresa com ROIC mais alto recebe o primeiro lugar, e assim por diante.
Depois disso, ele faz a mesma coisa com base no earnings yield. A companhia com o maior rendimento recebe o primeiro lugar e a que apresenta o menor rendimento, o último.
Por fim, ele soma a classificação recebida usando cada um dos dois critérios acima. Ou seja, a companhia que ocupa a 232ª posição em termos de ROIC e a 153ª em earnings yield recebe a pontuação composta de 385 (232+153).
Desta forma, cada empresa das 3500 disponíveis recebe uma pontuação e aquelas com menor pontuação serão as escolhidas da carteira.
Greenblatt testou esta estratégia em um intervalo de 17 anos nos EUA - entre 1988 e 2004 - e a conclusão foi que uma carteira composta pelas 30 ações com a melhor combinação de ROIC + EY teria um retorno de 30,8% ao ano por lá.
Um retorno desse teria transformado 11 mil dólares em mais de 1 milhão de dólares, ou aumentado o patrimônio em 96 vezes. Para fins de comparação, a média de retorno do mercado foi de 12,3% ao ano, e os 11 mil dólares teriam se transformado em 79 mil dólares.
Mas então, se a “fórmula mágica” para ações é tão eficaz, por que poucos investidores seguem ela?
O primeiro ponto é que retornos passados não são garantia de retornos futuros. Mas a questão principal é que a “fórmula mágica” funciona em períodos longos de tempo e muitos investidores desistem no meio do caminho quando a estratégia não bate o mercado no curto prazo.
Dos 17 anos em que foi testada, por exemplo, ela deixou de bater o mercado uma vez a cada quatro anos. Inclusive, durante os 17 anos tiveram períodos em que ela gerou resultados inferiores ao do mercado por três anos seguidos.
E, como o próprio livro diz, se a “fórmula mágica” funcionasse o tempo todo, todo mundo provavelmente a seguiria. Se isso acontecesse, ela provavelmente deixaria de dar certo já que as pechinchas deixariam de existir.
Além disso, apesar do sucesso da “fórmula mágica” no longo prazo, muitos gestores não querem correr o risco de se saírem mal enquanto o restante do mercado se sai bem. Em outras palavras, é melhor errar com todo mundo, do que errar sozinho.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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