Quanto tempo você precisa esperar para colher os frutos dos seus investimentos? Essa é uma questão fundamental para quem quer fazer o seu dinheiro render mais e alcançar os seus objetivos. De nada adianta plantar uma semente hoje e querer colher uma árvore imediatamente amanhã.
O tempo que você pretende deixar o seu dinheiro aplicado é chamado de prazo de investimento. Ele pode variar de alguns meses a vários anos, dependendo do seu perfil, dos seus objetivos e da liquidez dos investimentos.
Qual o prazo de investimento mais adequado?
Em outras palavras, trata-se do período que você planeja manter o seu dinheiro aplicado, até resgatá-lo com os juros ou dividendos. Pode ser classificado em três tipos:
Curto prazo: quando o prazo de investimento é de até 1 ano.
Médio prazo: quando o prazo de investimento é entre 2 e 5 anos.
Longo prazo: quando o prazo de investimento é acima dos 5 anos.
Cada tipo de prazo tem suas vantagens e desvantagens, e exige uma estratégia diferente na hora de investir. Por exemplo, um investimento de curto prazo pode ter uma rentabilidade menor, mas uma liquidez maior. Já um investimento de longo prazo pode ter uma rentabilidade maior com uma liquidez menor.
O primeiro passo seria identificar seu perfil de investidor pois é uma das formas de avaliar o seu grau de tolerância ao risco, ou seja, a sua disposição em aceitar perdas em troca de maiores retornos. Você pode fazer um teste on-line ou seu assessor de investimentos para identificar o seu. O principal é que você conheça seus limites e respeite a sua personalidade na hora de investir.
Em seguida, importante definir seus objetivos financeiros, que são as metas que você deseja alcançar com os seus investimentos. Pode ser comprar um carro, fazer uma viagem, se aposentar etc. Seus objetivos devem ser claros, específicos, mensuráveis, alcançáveis e com prazo definido. Por exemplo: comprar um imóvel no valor de R$ 300 mil em 5 anos.
Os objetivos financeiros são essenciais para definir o prazo de investimento, pois eles indicam quanto tempo você tem para juntar o dinheiro necessário e qual é o nível de risco que você pode assumir. Por exemplo, se você quer comprar um carro em 6 meses, precisa de um investimento de curto prazo, com alta liquidez e baixo risco. Já se você quer se aposentar em 20 anos, pode optar por um investimento de longo prazo, com menor liquidez e maior risco.
Para definir os seus objetivos financeiros, pode-se usar uma planilha ou novamente, seu assessor de investimentos pode auxiliar. O importante é que você tenha uma visão clara do que você quer e de quanto você precisa para chegar lá.
A última observação seria sobre liquidez, que é a facilidade com que você pode resgatar o seu dinheiro do investimento. Ela pode ser diária (possibilidade de resgate a qualquer momento), no vencimento (sem possibilidade de resgate antecipado) ou intermediária (possibilidade de resgate antecipado com perda de rentabilidade ou não, além de multa em alguns casos).
Trata-se de fator importante para definir o prazo de investimento, pois determina a flexibilidade que você tem para usar o seu dinheiro. Por exemplo, se você tem uma emergência e precisa do seu dinheiro imediatamente, você precisa de um investimento com alta liquidez. Já se você não tem pressa e pode esperar pelo vencimento, você pode optar por um investimento com menor liquidez.
A liquidez também está relacionada à rentabilidade do investimento. Geralmente, quanto maior a liquidez, menor a rentabilidade, e vice-versa. Isso porque os investimentos com menor liquidez costumam oferecer uma compensação maior para o investidor que aceita ficar mais tempo sem acesso ao seu dinheiro.
Por exemplo, um CDB (Certificado de Depósito Bancário) com liquidez diária pode pagar 102,5% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) no banco BTG, que é uma taxa maior que a Selic (taxa básica de juros da economia). Já um CDB com liquidez no vencimento pode pagar 120% do CDI ou mais.
Para saber a liquidez dos investimentos, você pode consultar as informações disponíveis nos sites das instituições financeiras ou nas plataformas de investimentos. O importante é que você escolha um investimento com a liquidez adequada ao seu prazo e à sua necessidade.
Quais são os melhores investimentos para cada prazo?
Entendido como definir o prazo de investimento ideal para os seus objetivos, quais seriam as melhores opções de investimento para cada prazo? Lembrando que esse artigo é apenas de caráter educacional, não sendo sugestão ou recomendação de investimentos.
Os investimentos de curto prazo são aqueles cujo retorno será obtido em até 1 ano. Eles são indicados para quem tem objetivos financeiros próximos ou para quem deseja formar uma reserva de emergência.
Alguns exemplos de investimentos de curto prazo são:
Tesouro Selic: título público pós-fixado que acompanha a taxa básica de juros da economia (Selic). Tem baixo risco, liquidez diária e tributação regressiva do Imposto de Renda (IR).
CDB (Certificado de Depósito Bancário) com alta liquidez: título privado emitido por bancos que remunera o investidor com uma taxa prefixada, pós-fixada ou híbrida. Tem baixo risco (garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira) e tributação regressiva do IR.
Fundos DI: fundos de investimento que aplicam em títulos públicos e privados de baixo risco e alta liquidez, buscando acompanhar o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é uma taxa próxima à Selic. Tem baixo risco e tributação regressiva do IR e do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Já os investimentos de médio prazo são aqueles cujo retorno será obtido, em média, entre 2 e 5 anos. Eles são indicados para quem tem objetivos financeiros intermediários, como fazer uma pós-graduação, trocar de carro ou reformar a casa.
Alguns exemplos de investimentos de médio prazo são:
Tesouro IPCA+: título público que paga uma taxa fixa mais a variação da inflação (IPCA). Tem risco moderado (sujeito à marcação a mercado), liquidez no vencimento ou intermediária (com venda antecipada no Tesouro Direto) e tributação regressiva do IR.
LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): títulos privados emitidos por instituições financeiras que financiam os setores imobiliário e agrícola, respectivamente. Remuneram o investidor com uma taxa prefixada, pós-fixada ou híbrida. Têm risco baixo (garantido pelo FGC até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira), liquidez variável (dependendo do contrato) e isenção de IR.
Fundos multimercado: fundos de investimento que aplicam em diferentes tipos de ativos, como renda fixa, renda variável, câmbio e derivativos, buscando maximizar o retorno e minimizar o risco. Têm risco variável (dependendo da estratégia do fundo), liquidez variável (dependendo do prazo de resgate) e tributação regressiva do IR.
Por fim, os investimentos de longo prazo são aqueles cujo retorno será obtido em mais de 5 anos. Eles são indicados para quem tem objetivos financeiros mais distantes, como se aposentar, comprar um imóvel ou garantir a educação dos filhos.
Alguns exemplos de investimentos de longo prazo são:
Ações: partes do capital social de uma empresa negociadas na bolsa de valores. O investidor se torna sócio da empresa e pode lucrar com a valorização das ações ou com o recebimento de dividendos (parte dos lucros distribuídos aos acionistas). Têm alto risco (sujeito à variação do preço das ações), liquidez diária (com venda na bolsa) e tributação fixa de 15% sobre o lucro líquido (ou 20% para operações day trade).
Fundos imobiliários: fundos de investimento que aplicam em imóveis ou em títulos relacionados ao setor imobiliário, como CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e LCI. O investidor recebe uma parte dos rendimentos dos imóveis ou dos títulos, chamada de renda mensal. Têm risco moderado a alto (sujeito à variação do preço das cotas e à vacância dos imóveis), liquidez diária (com venda na bolsa) e isenção de IR sobre os rendimentos mensais (para pessoas físicas que possuem menos de 10% das cotas do fundo).
Previdência privada: plano de investimento que visa complementar a aposentadoria do investidor, oferecendo uma renda mensal vitalícia ou por um período determinado. O investidor pode escolher entre dois tipos de plano: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) ou VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). O PGBL permite deduzir até 12% da renda bruta anual na declaração do IR, mas tributa o valor total no resgate. O VGBL não permite dedução, mas tributa apenas o rendimento no resgate. Ambos têm risco baixo a moderado (dependendo da carteira do plano) e liquidez baixa (com carência e multa para resgate antecipado).
Ter uma definição clara do prazo de investimento é importante por vários motivos:
- Ajuda a definir o seu perfil de investidor, essencial para escolher os investimentos mais adequados ao seu nível de risco.
- Ajuda a planejar os seus objetivos financeiros, sendo a motivação para você investir e poupar.
- Ajuda a diversificar os seus investimentos, que é uma forma de reduzir o risco e aumentar a rentabilidade da sua carteira.
- Ajuda a aproveitar as oportunidades do mercado, que podem variar conforme o prazo de investimento.
- Ajuda a otimizar a tributação dos seus investimentos, que pode influenciar significativamente o seu ganho real.
Portanto, antes de investir, é fundamental que você saiba qual é o seu prazo de investimento e que escolha os investimentos mais adequados para ele. Assim, você poderá alcançar os seus objetivos financeiros com mais segurança e eficiência.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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