Após um longo período, o mercado voltou a se animar com o Brasil. E esse entusiasmo não está limitado apenas de forma local, com a recente queda da taxa básica de juros (Selic) e o rali do Ibovespa.
Um exemplo foi a matéria da The Economist na última semana, que arriscou a pergunta: "Será que o Brasil está decolando?".
Confesso que essa abordagem me deixou um pouco apreensivo, até brinquei nas redes sociais, pois já testemunhamos um cenário similar no passado.
Recentemente, após a divulgação do IPCA-15 de julho, os investidores receberam mais uma notícia positiva: o aumento do rating soberano do país pela agência Fitch, passando de "BB-" para "BB" (ainda dois níveis abaixo do grau de investimento perdido em 2015).
As famosas capas da The Economist com o Brasil
Embora se saiba que essas agências de rating são indicadores tardios, o movimento reforçou a tendência positiva para o país. Isso é significativo, pois atualmente existe um consenso de curto prazo otimista para os mercados brasileiros.
Analistas apontam que a inflação pode atingir a meta ainda neste ano (banda superior de tolerância), com o PIB demonstrando maior força do que o esperado e projeções para uma queda da taxa básica de juros (Selic) até 11,75% até o final de 2023, podendo chegar a 9% até o final de 2024.
Parte disso ocorre porque as ações brasileiras estão sendo negociadas com um desconto de 50% em relação ao MSCI All Country World Index (ACWI), enquanto historicamente a média era de -23%.
Da mesma forma, em relação ao MSCI Emerging Markets (EEM), o Brasil está com um desconto de 30%, enquanto a média histórica era de 0%. Essas avaliações tornam o mercado brasileiro atrativo para investidores globais.
Fonte: BTG
Apesar de alguns desafios passados, os sinais recentes apontam para um cenário mais positivo para o Brasil, aumentando o otimismo entre os investidores locais e estrangeiros.
O que torna tudo mais interessante é que esse atual ciclo conjuntural pode se transformar em uma longa janela estrutural.
Esse período estrutural seria marcado por mais racionalidade econômica, a retomada das reformas fiscais e liberalizantes e, ainda mais importante, uma agenda de medidas focadas no aumento da produtividade brasileira, estagnada por mais de 20 anos.
A última pesquisa deixou claro que a população brasileira está crescendo em um ritmo muito mais lento do que se supunha e está envelhecendo rapidamente. Só podemos alcançar o crescimento por meio de capital, trabalho ou aumento da produtividade.
Devido à demografia, não haverá muita mão-de-obra disponível no futuro e nosso país nunca teve capital como ponto forte.
Desta forma, o aumento da produtividade se torna a única opção, e isso só será possível por meio de reformas para melhorar o ambiente de negócios e investimentos significativos em educação.
Então essa janela de curto prazo que se abre poderia transformar-se em um longo período de crescimento estrutural.
A questão mais relevante nisso tudo continua sendo a taxa de juros. De forma natural, o Brasil parece estar seguindo um padrão típico de reversão à média.
Considerando que os preços estavam bastante desvalorizados, parece razoável supor uma valorização para convergir à média histórica.
Atualmente, o Ibovespa está sendo negociado a um Preço sobre Lucro (P/L) de 8x, enquanto a média histórica é de quase 11x. Se considerarmos apenas o retorno à média, isso significaria um potencial de valorização de 36%.
Portanto, o Ibovespa poderia superar os 150 mil pontos em 12 meses. Se adicionarmos a melhoria nos lucros corporativos com a redução da taxa Selic, esse patamar de valorização poderia ser ainda maior.
De fato, historicamente, observamos um retorno médio de 35% para o Ibovespa ao longo dos últimos seis ciclos de cortes da Selic no Brasil.
Fonte: Bloomberg
Isso reforça a ideia de que estamos vivendo um período propício para valorizações expressivas no mercado de ações, especialmente considerando o cenário de redução das taxas de juros e seus impactos positivos na economia.
Importante salientar que, embora haja fundamentos sólidos que possam respaldar essa perspectiva otimista, os investidores devem sempre considerar os riscos inerentes ao mercado financeiro e a possibilidade de eventos imprevistos que possam afetar as projeções.
Dessa forma, é essencial manter uma estratégia de investimento bem fundamentada e diversificada para buscar oportunidades e gerenciar os riscos ao longo do caminho.
Existem dois cenários que podem trazer desafios e impactar a trajetória positiva que estamos vislumbrando.
O primeiro está relacionado ao contexto internacional, onde ainda há a possibilidade de uma recessão que poderia prejudicar os preços das commodities, afetando, por consequência, o Brasil.
O segundo é derivado da política interna, com os ruídos fiscais ainda presentes no radar dos investidores, especialmente se houver atrasos nas reformas ou se a reforma tributária ficar em um impasse.
A perspectiva de uma recessão nos EUA tem sido adiada, e espera-se estímulos na China, o que pode beneficiar o país. Assim, é imperativo que aprovemos as reformas necessárias para o desenvolvimento do país.
Contudo, é importante ressaltar que o caminho até lá pode ser mais complexo e demorado do que desejamos. Os desafios podem tornar a jornada sinuosa, mas acredito que temos condições de enfrentá-los e avançar em direção a um cenário mais promissor para o Brasil.
É essencial que os esforços continuem focados na busca por soluções para os problemas fiscais e na concretização das reformas, com uma visão realista sobre o futuro do país.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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