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Novo semestre começa com oportunidade para os ativos brasileiros


  • Olhar Econômico
  • 05 de Julho de 2023 | 07h21
 Foto: Reprodução
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O primeiro semestre de 2023 será lembrado com saudade. Faço breve revisão: o Ibovespa registrou um aumento de 7,61% no semestre, com um impressionante crescimento de 9% apenas no mês de junho. Em relação à mínima do ano, o principal índice de ações do país teve um crescimento de mais de 20%, enquanto o CDI acumulou ganho de 6,23%.

No cenário internacional, os índices também apresentaram um desempenho sólido. O Nasdaq, por exemplo, avançou mais de 30%.

Foi um período bastante favorável para os ativos de risco. Sim, ainda existem problemas e desafios significativos. No entanto, enxergo espaço para novos ganhos nos próximos meses, especialmente para os ativos brasileiros.

Internamente, vivemos uma dinâmica verdadeiramente positiva, com sucessivas revisões nas projeções para a economia nacional. Essa dinâmica tem alimentado um otimismo renovado no mercado local, algo que não se via há algum tempo.

Como já abordei em artigo anterior, existem três pontos relevantes nas perspectivas econômicas:

- A expectativa é de que o IPCA encerre o ano abaixo de 5%;

- Há um leve aumento na projeção do PIB;

- A previsão para a taxa Selic no final do ano atualmente é de 12.

Esses fatores serão determinantes para o cenário econômico nos próximos meses.

Ao analisar os relatórios e decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN), que confirmou a meta de inflação de 3% para 2026 e anunciou o sistema de meta contínua a partir de 2025, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), percebe-se que a queda nas expectativas de inflação fortalece o otimismo em relação a um possível corte da taxa Selic em agosto.

À medida que avançam as discussões em Brasília, o processo de devolução dos prêmios na curva de juros, que teve início com a apresentação do arcabouço fiscal no final de março, tende a se aprofundar.

Durante esta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, evidenciou compromisso em votar importantes projetos, como o do voto de qualidade do Carf, o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

No Senado, também estão ocorrendo uma série de eventos relevantes, incluindo as sabatinas dos novos diretores do Banco Central e a análise do projeto do marco das garantias. Todos esses eventos possuem potencial para impactar o mercado.

Caso o arcabouço seja removido e a reforma tributária avance, isso se tornará o grande tema do segundo semestre para o governo.

Será necessário executar a nova regra fiscal, que está mais dependente de receitas.

Nesse cenário, existe a possibilidade real de uma queda mais acentuada na taxa Selic.

A inelegibilidade de Bolsonaro desempenha um papel importante na formação das expectativas, uma vez que a direita pode buscar uma nova liderança em figuras como Tarcísio de Freitas ou Romeu Zema. Embora seja cedo para fazer previsões, a tendência é que, com base nas intenções de voto atuais, Lula perderia para qualquer um desses candidatos.

No entanto, é importante ressaltar que ainda estamos longe das eleições e muitos fatores podem influenciar o cenário político.

Claramente significativo, existe um consenso emergindo em relação a uma perspectiva positiva de curto prazo para os mercados brasileiros.

No entanto, esse ciclo conjuntural também tem o potencial de se transformar em um período estrutural mais longo, caso tenhamos maior racionalidade econômica, com implementação de reformas fiscais e liberalizantes, e, o mais importante, uma agenda abrangente de medidas para impulsionar a produtividade no Brasil.

Espera-se que com a redução de 5,3% no preço da gasolina, haja uma diminuição maior no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho. Tal queda proporcionaria oportunidade para que o índice anual se aproxime do limite máximo da meta estabelecida (4,75%), o que fortalece argumentação a favor de um corte maior na taxa Selic, com a possibilidade de que a taxa de juros básica chegue próximo de 9% até o final do próximo ano.

Em outras palavras, espera-se que a inflação se aproxime da meta ainda este ano, ao mesmo tempo em que o Produto Interno Bruto (PIB) está mostrando um desempenho mais robusto do que o esperado.

Tudo isso é positivo para ativos de risco. Mas nem tudo são flores.

O desafio reside no contexto internacional, no qual sempre fomos altamente dependentes da atividade global e dos preços das commodities, em particular da soja, do petróleo e do minério de ferro.

Quanto ao petróleo, apesar dos esforços da Arábia Saudita e da Rússia para controlar a oferta (sauditas estendendo seu corte na produção de um milhão de barris por dia até agosto e os russos reduzindo suas exportações em 500 mil barris por dia), o mercado registrou quedas nos últimos pregões, influenciado pelos dados fracos da atividade econômica global.

A fim de exemplificar, durante o mês de junho, os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) revelaram uma contração na atividade industrial nos Estados Unidos.

Essa desaceleração está em consonância com o panorama observado na China, com repetidas decepções nos dados de atividade econômica.

Se conseguirmos atravessar essa possível recessão global com impactos mínimos para o país, teremos grandes oportunidades de destacar-nos novamente, principalmente porque o Brasil tornou-se um dos favoritos entre os mercados emergentes, juntamente com o México, devido à falta de alternativas viáveis.

Gradualmente, veremos os gestores aumentando a exposição ao risco em suas carteiras locais, seguidos pelas pessoas físicas.

Seja como for, esse fluxo ainda vai chegar e pode ajudar nossas ações. Você já se posicionou?

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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