O primeiro semestre de 2023 será lembrado com saudade. Faço breve revisão: o Ibovespa registrou um aumento de 7,61% no semestre, com um impressionante crescimento de 9% apenas no mês de junho. Em relação à mínima do ano, o principal índice de ações do país teve um crescimento de mais de 20%, enquanto o CDI acumulou ganho de 6,23%.
No cenário internacional, os índices também apresentaram um desempenho sólido. O Nasdaq, por exemplo, avançou mais de 30%.
Foi um período bastante favorável para os ativos de risco. Sim, ainda existem problemas e desafios significativos. No entanto, enxergo espaço para novos ganhos nos próximos meses, especialmente para os ativos brasileiros.
Internamente, vivemos uma dinâmica verdadeiramente positiva, com sucessivas revisões nas projeções para a economia nacional. Essa dinâmica tem alimentado um otimismo renovado no mercado local, algo que não se via há algum tempo.
Como já abordei em artigo anterior, existem três pontos relevantes nas perspectivas econômicas:
- A expectativa é de que o IPCA encerre o ano abaixo de 5%;
- Há um leve aumento na projeção do PIB;
- A previsão para a taxa Selic no final do ano atualmente é de 12.
Esses fatores serão determinantes para o cenário econômico nos próximos meses.
Ao analisar os relatórios e decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN), que confirmou a meta de inflação de 3% para 2026 e anunciou o sistema de meta contínua a partir de 2025, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), percebe-se que a queda nas expectativas de inflação fortalece o otimismo em relação a um possível corte da taxa Selic em agosto.
À medida que avançam as discussões em Brasília, o processo de devolução dos prêmios na curva de juros, que teve início com a apresentação do arcabouço fiscal no final de março, tende a se aprofundar.
Durante esta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, evidenciou compromisso em votar importantes projetos, como o do voto de qualidade do Carf, o arcabouço fiscal e a reforma tributária.
No Senado, também estão ocorrendo uma série de eventos relevantes, incluindo as sabatinas dos novos diretores do Banco Central e a análise do projeto do marco das garantias. Todos esses eventos possuem potencial para impactar o mercado.
Caso o arcabouço seja removido e a reforma tributária avance, isso se tornará o grande tema do segundo semestre para o governo.
Será necessário executar a nova regra fiscal, que está mais dependente de receitas.
Nesse cenário, existe a possibilidade real de uma queda mais acentuada na taxa Selic.
A inelegibilidade de Bolsonaro desempenha um papel importante na formação das expectativas, uma vez que a direita pode buscar uma nova liderança em figuras como Tarcísio de Freitas ou Romeu Zema. Embora seja cedo para fazer previsões, a tendência é que, com base nas intenções de voto atuais, Lula perderia para qualquer um desses candidatos.
No entanto, é importante ressaltar que ainda estamos longe das eleições e muitos fatores podem influenciar o cenário político.
Claramente significativo, existe um consenso emergindo em relação a uma perspectiva positiva de curto prazo para os mercados brasileiros.
No entanto, esse ciclo conjuntural também tem o potencial de se transformar em um período estrutural mais longo, caso tenhamos maior racionalidade econômica, com implementação de reformas fiscais e liberalizantes, e, o mais importante, uma agenda abrangente de medidas para impulsionar a produtividade no Brasil.
Espera-se que com a redução de 5,3% no preço da gasolina, haja uma diminuição maior no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho. Tal queda proporcionaria oportunidade para que o índice anual se aproxime do limite máximo da meta estabelecida (4,75%), o que fortalece argumentação a favor de um corte maior na taxa Selic, com a possibilidade de que a taxa de juros básica chegue próximo de 9% até o final do próximo ano.
Em outras palavras, espera-se que a inflação se aproxime da meta ainda este ano, ao mesmo tempo em que o Produto Interno Bruto (PIB) está mostrando um desempenho mais robusto do que o esperado.
Tudo isso é positivo para ativos de risco. Mas nem tudo são flores.
O desafio reside no contexto internacional, no qual sempre fomos altamente dependentes da atividade global e dos preços das commodities, em particular da soja, do petróleo e do minério de ferro.
Quanto ao petróleo, apesar dos esforços da Arábia Saudita e da Rússia para controlar a oferta (sauditas estendendo seu corte na produção de um milhão de barris por dia até agosto e os russos reduzindo suas exportações em 500 mil barris por dia), o mercado registrou quedas nos últimos pregões, influenciado pelos dados fracos da atividade econômica global.
A fim de exemplificar, durante o mês de junho, os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) revelaram uma contração na atividade industrial nos Estados Unidos.
Essa desaceleração está em consonância com o panorama observado na China, com repetidas decepções nos dados de atividade econômica.
Se conseguirmos atravessar essa possível recessão global com impactos mínimos para o país, teremos grandes oportunidades de destacar-nos novamente, principalmente porque o Brasil tornou-se um dos favoritos entre os mercados emergentes, juntamente com o México, devido à falta de alternativas viáveis.
Gradualmente, veremos os gestores aumentando a exposição ao risco em suas carteiras locais, seguidos pelas pessoas físicas.
Seja como for, esse fluxo ainda vai chegar e pode ajudar nossas ações. Você já se posicionou?
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
18 | Juro sozinho não será suficiente |
11 | Os juros subirão ainda mais? |
4 | A realidade se impõe |
27 | Aluguel sem fiador ou seguro-fiança? Conheça o TD Garantia |
13 | A ótica dos dividendos |
6 | Caminhos opostos |
25 | Corte de juros nos EUA é benéfico, mas não resolve tudo |
18 | O que esperar de mais uma Super Quarta? |
11 | Depois da farra sempre vem alguma ressaca |
4 | A ilusão da notícia |
28 | Perspectivas para as taxas de juros |
21 | Recorde no Ibovespa |
14 | Um novo paradigma a caminho? |
7 | Pânico nos mercados globais. Existe razão para tamanha histeria? |
31 | Agronegócio é alternativa para investidores |
24 | Economia brasileira com crescimento sustentável ou voo de galinha? |
10 | Compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos |
3 | Segunda metade do ano |
26 | Bolsa tem boas oportunidades para os pacientes |
19 | Conservadorismo necessário |
12 | Juros e inflação nos EUA definirão rumo dos mercados no curto prazo |
5 | Nosso dilema do prisioneiro |
29 | Como a desancoragem das expectativas atrapalha a queda dos juros no Brasil |
22 | Debêntures incentivadas em evidência |
15 | Bolsa barata basta? |
8 | Conservadorismo e cautela |
1 | O mal não falado |
27 | Não chegue no fim da festa |
20 | Super Quarta quente |
13 | Reserva de valor: até onde vão o ouro e o bitcoin? |
6 | Petrobras e seu recorde de valor de mercado |
28 | Petróleo: a principal commodity |
21 | Investimentos inteligentes: planeje sua viagem dos sonhos |
7 | Como vencer o medo de investir? |
31 | Aquela velha roupa vermelha |
24 | 2024 é ano de eleições. A mais importante não será no Brasil |
17 | Commodities em baixa |
10 | Ressaca pós-virada? |
20 | Dicas para controlar os gastos de fim de ano |
13 | Última Super Quarta do ano |
6 | Lições valiosas de Charlie Munger |
26 | Ainda vale investir nas ações da Petrobras? |
19 | Os planos da Mattel (MAT) após o filme da Barbie |
12 | Cinco verdades que você precisa saber antes de comprar uma ação |
26 | Comprar imóvel ou investir em fundos imobiliários? |
19 | Em busca de um porto seguro |
12 | Mais pra cá do que pra lá |
5 | Como investir com foco no longo prazo no Brasil? |
15 | Como saber se uma ação está cara ou barata? |
8 | Investir é um teste de resiliência |
1 | Semana dos Bancos Centrais |
21 | Renda fixa segue como “queridinha” em 2023 |
14 | Menino ou adulto Haddad? |
7 | Fuja dos golpes: não se deixe levar por promessas de dinheiro fácil |
26 | Benefícios do planejamento sucessório: conheça mais! |
19 | Quais os riscos de investir em FIIs? |
13 | Viver de renda? Confira o passo-a-passo para chegar lá! |
31 | Contra o consenso |
24 | BTG lança plataforma cripto |
17 | Preparado para as propagandas eleitorais? |
10 | Um pouco de previsibilidade |
3 | Preparados para o mês de agosto? |
27 | A proteção ficou mais cara, mas continua essencial |
20 | Fundos imobiliários X Imóveis |
13 | Renda fixa continua atraente. Mas e a bolsa? |
6 | Cenário macro para 2º semestre |
25 | Uma boa notícia para os fundos imobiliários |
18 | O médico e o monstro |
11 | O fim da era do dinheiro de graça |
4 | A maré baixa mostrará quem está nadando pelado |
27 | Todos os caminhos levam à inflação |
20 | O alerta vem da China, "de novo" |
13 | Insurtechs? Esse seguro está diferente |
6 | Consórcio é mais vantajoso que outras aplicações financeiras? |
30 | Irmãos a obra: análise de balanços |
23 | Com qual frequência você muda de opinião? |
15 | A Super-Quarta |
9 | Mulheres: com toda crise, uma oportunidade |
2 | Investindo em tempos de guerra |
23 | A sorte está lançada |
16 | Value investing is back |
9 | Mudanças e algumas tensões no ar |
2 | A política monetária brasileira sob os holofotes |
26 | NF Notícias estreia coluna de economia com Paulo Nascimento Filho |
Seja o Primeiro a Comentar
Comentar