O título da coluna desta semana representa a triste história de muitos brasileiros que caem — conscientemente ou não — em golpes financeiros todos os anos.
Uma empresa de marketing agressivo, ou mesmo um “profissional” ou “amigo” aparece oferecendo um “investimento” com rentabilidade exorbitante, muito superior à taxa básica de juros (SELIC) ou à de aplicações financeiras arrojadas. Algo tão absurdo quanto 10% ao mês.
De forma geral, promete-se pagamentos periódicos como uma complementação de renda, e afirmam que os recursos serão aplicados em algum mercado muito volátil, como moedas estrangeiras ou criptomoedas.
Veja, de fato esses mercados são capazes de gerar, às vezes, retornos mensais bastante elevados — mas não de forma consistente e duradoura, nem de maneira que se possa haver qualquer promessa.
Equivocadamente, algumas pessoas que têm algum dinheiro guardado e uma ganância desmedida, ou que simplesmente estão desesperadas, colocam o seu suado dinheiro na mão desses desconhecidos.
Às vezes até recebem alguma coisa no início, mas depois amargam o prejuízo, seja porque era uma pirâmide que desmoronou, seja porque, simplesmente, o golpista pegou a grana e sumiu.
Uma pesquisa recente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) escancarou a realidade dos tipos de investimentos do brasileiro médio. As moedas digitais aparecem a frente dos títulos de públicos (muito mais seguros) e das ações. Ficam ainda próximas dos fundos de investimentos e da compra e venda de imóveis.
Somente como curiosidade, a caderneta de poupança continua sendo o produto financeiro mais utilizado pelos brasileiros, com 26% de preferência, mas isso é assunto para outro dia. Deixo o link da pesquisa completa aqui.
Resolvi abordar o tema de hoje devido a uma pessoa que perdeu a entrada do apartamento que pretendia comprar num esquema desses: “Investi R$ 18 mil, o dinheiro da entrada do meu apartamento, em uma empresa de investimentos que prometia um retorno de 11% ao mês. Era um contrato de seis meses e eu receberia o valor do aporte no final desse período. Mas só me pagaram os rendimentos nos dois primeiros meses, e depois a empresa simplesmente sumiu. Estou desesperado! Agora, depois de um ano, o safado do CEO da empresa abriu um novo negócio e está por aí vendendo serviços financeiros. Só quero recuperar meu dinheiro.”
Antes de fazer qualquer investimento, é preciso verificar alguns pontos para não cair em um golpe.
O primeiro deles são as promessas de rentabilidade. Não é possível realmente garantir uma rentabilidade futura, pois mesmo no caso dos investimentos mais previsíveis, as mudanças em variáveis de mercado e circunstâncias do investimento podem afetar a rentabilidade final.
Ou seja, não há investimentos totalmente sem riscos, e rentabilidades passadas não são garantia de rentabilidade futura. O máximo que pode haver é uma projeção de retorno, consideradas determinadas premissas.
Em segundo lugar, se há promessas de rendimentos exorbitantes, muito acima dos padrões de mercado, isso por si só já é um indício de golpe.
Finalmente, antes de confiar seus recursos a uma empresa ou profissional, verifique se esta pessoa ou organização está devidamente registrada e autorizada para atuar no ramo. Você pode fazer isso pelo site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O que pode fazer, depois de ter sido vítima de um golpe como esse, é organizar toda a documentação que possa comprovar a transação e a existência desse contrato e entrar com uma ação no Juizado Especial Cível (pequenas causas).
Foge de minha área de atuação, porém tenho diversos amigos no ramo do direito e sempre ouvi que encontrar outros em situação similar pode sim dar força ao processo judicial. Ou seja, pessoas que tenham sido vítimas desse mesmo golpe para atuar em conjunto e recuperar o dinheiro investido. Quanto mais gente entrar com ação para ir atrás dos seus direitos, maiores as possibilidades de obter sucesso.
Importante também registrar um Boletim de Ocorrência, além de poder contratar um advogado criminalista para atuar também na esfera penal.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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