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Correndo contra o tempo


  • Olhar Econômico
  • 24 de Maio de 2023 | 07h00
 Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O mercado financeiro internacional está cada vez mais preocupado com a situação do limite da dívida americana. E do que se trata na verdade este tema? Trata-se de uma lei que limita a quantidade total de dinheiro que o governo dos EUA pode tomar emprestado para pagar suas contas.

Isso inclui o pagamento de funcionários federais, militares, Previdência Social e Medicare, bem como juros sobre a dívida nacional e restituições de impostos. Periodicamente, o Congresso dos EUA vota para aumentar ou suspender o teto para que possa tomar mais empréstimos.

Atualmente, o valor é de cerca de US$ 31,4 trilhões sendo que esse limite foi violado em janeiro, mas o Tesouro tem se valido desde então de "medidas extraordinárias" para fornecer mais dinheiro ao governo enquanto o impasse não é resolvido.

O que acontece se o teto da dívida não aumentar?

Olha, isso nunca aconteceu antes, então as consequências não estão totalmente claras, mas causariam grandes danos econômicos. Afinal, o governo americano não seria mais capaz de pagar os salários dos funcionários federais e militares, além dos gastos coma Previdência Social, dos quais milhões de aposentados nos EUA dependem. 

Em outras palavras, um verdadeiro desastre.

Com isso, os legisladores americanos enfrentam momento crítico esta semana enquanto buscam um acordo sobre o teto da dívida do país.

Biden afirmou que as negociações estavam avançando e que ele e os quatro principais legisladores do Senado e da Câmara iriam se reunir novamente. Chegou inclusive a retornar mais cedo da cúpula do G7 ocorrida no Japão, tendo adiado visitas que faria a outros países na região.

O prazo para a resolução do problema é estimado até o dia 1º de junho, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmou que há alguns sinais de acordo. Seria algo histórico que não houvesse acordo, uma vez que o teto foi elevado ao longo da história independentemente do partido que estava no governo, como podemos ver abaixo.

Fonte: BBC

Em todo caso... Qual seria o pior cenário possível?

Notadamente, o Congresso está sofrendo muita pressão de vários grupos e todos têm que mostrar que lutam pelo seu eleitorado. Lembro que nos meus primeiros anos como analista de mercado, o desastre chegou perto em 2011, quando os republicanos entraram em confronto com Barack Obama.

Até a metade daquele ano, o S&P 500 (índice das 500 ações ordinárias daquelas que são consideradas a nata das empresas dos Estados Unidos) praticamente manteve seus ganhos, quando o problema chegou ao auge. Com o desastre evitado, as ações começaram a cair somente após o rebaixamento da dívida soberana do país.

Se o teto da dívida do governo dos EUA não for elevado até 1º de junho, quando o Tesouro espera ficar sem dinheiro para pagar as contas do país, os mercados financeiros podem virar de cabeça para baixo — a Casa Branca, querendo pressionar o Congresso, claro, estima que o mercado de ações pode cair pela metade em valor (certo exagero sim, mas não deixa de chamar atenção).

Um entendimento sobre corte de gastos poderia abrir caminho para um acordo para aumentar o limite de endividamento dos EUA. Independentemente do que for, é bom que encontrem rápido uma solução.

Sem uma ação imediata do Congresso para aumentar ou suspender seu limite de endividamento, o país em breve poderá não conseguir pagar suas contas.

Isso teria sérios efeitos cascata sobre as pequenas e médias empresas. O acesso ao crédito pode tornar-se mais difícil, agravando ainda mais os desafios que indivíduos e empresas já enfrentam.

Assim como aqui por conta do aumento dos juros, já vemos o crédito se esgotando para pequenas e médias empresas por lá (está cada vez mais difícil para elas obterem empréstimos).

É preciso acompanhar com atenção pois mesmo diante das incertezas, a situação pode gerar momento interessante para internacionalização do patrimônio. Como diz o megainvestidor Warren Buffet “never bet against America”, em tradução: nunca aposte contra a América.

Para os investidores mais conservadores, lembro que em abril no artigo Em busca de um porto seguro, abordei o ouro como sugestão de ativo internacional neste mundo inflacionário pós pandemia. Trato aqui de um pequeno % da carteira para proteção de patrimônio.

Obviamente, tudo deve ser realizado levando em consideração a alocação adequada de posições, com base no perfil de risco do investidor, e a diversificação de carteira adequada.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos pela Ancord, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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