Aparentemente 2023 ainda vai ser um ano de oportunidades na renda fixa. Em minha opinião, isso pode ser uma ótima forma de aproveitar investimentos sem muita volatilidade.
Primeiramente cabe salientar que a partir de janeiro, bancos e corretoras adotarão um novo método de cálculo para o preço dos ativos da renda fixa, chamado de “marcação a mercado”. A mudança ocorrerá para que se adequem à nova regra instituída pela Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
A intenção é refletir melhor o valor atualizado da carteira dos clientes, baseado no valor em que esses papeis estejam sendo negociados no mercado em caso de necessidade de resgate antecipado. Ou seja, em caso de queda nos preços, o saldo de investimentos cairá; e se houver valorização dos títulos, o saldo aumentará.
Mas uma coisa não muda: se você mantiver seus títulos até a respectiva data de vencimento, receberá o valor correspondente à remuneração acordada no momento do investimento, independente das variações do preço do título ao longo da aplicação. A nova regra não irá alterar a rentabilidade dos investimentos, nem o direito do investidor sobre o título.
Esse novo mecanismo de atualização de preços é similar ao já aplicado nos títulos públicos adquiridos por meio do Tesouro Direto. Da mesma forma, os fundos de investimento e carteiras administradas também já realizam a “marcação a mercado” de seus títulos de crédito – e, consequentemente, de suas cotas.
A Anbima apenas ampliou o escopo, incluindo Debêntures, CRAs, CRIs e Títulos Públicos Federais negociados no mercado secundário (ou seja, fora do Tesouro Direto). Ficaram de fora outras aplicações, como CDBs, LCAs e LCIs e FIDCs, por exemplo, que manterão a marcação na curva.
Dito isso, em 2021 nosso Banco Central iniciou o processo de aumento da Selic. Desde então, a taxa básica de juros saiu de 2% ao ano para 13,75%. Com tanta incerteza política e uma inflação global intransigente, a perspectiva é que os juros permaneçam em patamares elevados por algum tempo.
A taxa Selic é a taxa básica da nossa economia que influencia todo o mercado. Se por um lado uma Selic alta significa empréstimos mais caros e juros mais altos, por outro lado, também significa maior rentabilidade em investimentos atrelados a ela.
Segundo especialistas, a expectativa é que a Selic não abaixe tão cedo, e um corte de juros deve acontecer somente a partir do segundo semestre de 2023.
Parte dessa percepção vem das incertezas a respeito do próximo governo e de sua condução da política fiscal. Apesar de já existir a definição de alguns ministros, ainda há muita dúvida, inclusive se vai passar na Câmara a PEC da Transição, que permite gastos na casa dos R$ 145 bilhões além do teto de gastos por dois anos.
De qualquer forma, o último Boletim Focus - publicação semanal contendo resumo das expectativas de mercado a respeito de alguns indicadores da economia – trouxe previsão para a Selic no fim de 2023 em 11,75% ao ano. O mesmo relatório mostrou uma expectativa de inflação em 5,17% para o próximo ano.
Caso esse cenário se concretize, se você aplicar em algum ativo cujo rendimento acompanhe a taxa Selic, terá rentabilidade real positiva. Isso significa que o dinheiro aplicado vai render acima da inflação, garantindo o seu poder de compra e aumentando o seu montante.
Mas no que exatamente investir?
Apesar das incertezas, especialistas concordam em uma coisa: ainda teremos juros altos no próximo ano. Logo, uma boa estratégia pode ser aplicar em investimentos de renda fixa para garantir esse retorno acima da inflação. No entanto, é preciso entender os conceitos:
> Pós-fixados: São títulos com a remuneração atrelada à taxa básica de juros ou ao CDI (taxa que segue de perto a Selic). São os mais beneficiados com a Selic alta.
> Pré-fixados: nesses títulos, a taxa de juros oferecida ao investidor já é acordada na emissão do ativo. Assim, o rendimento dele ao final do prazo da aplicação já é conhecido, sendo garantido, desde que o investidor carregue o título até o vencimento.
> IPCA: esses sãos os títulos atrelados à inflação, nesse caso acontece o mesmo que com os pré-fixados, a melhor sugestão é que seja por um prazo mais curto. Desde que mantenha o título até o vencimento, tudo bem.
Existem os títulos públicos além de outros, como o crédito privado. Nesse caso, você empresta seu dinheiro para empresas ou instituições financeiras, que devolvem ao final do prazo de vencimento, com juros. Debêntures de grandes empresas tendem a remunerar um pouco melhor que os títulos do Tesouro e temos também LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, CDB’s etc.
Importante atentar que é preciso escolher bem o produto que você vai investir, se a empresa ou banco que está emitindo aquela dívida tem um bom grau de saúde financeira e quais os riscos daquela aplicação.
Seja como for e qual você escolher, a diversificação é sempre recomendada, além de estar bem-informado, e é claro, contar com seu assessor de investimentos.
Boas festas e até ano que vem!
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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