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Fuja dos golpes: não se deixe levar por promessas de dinheiro fácil


  • Olhar Econômico
  • 07 de Dezembro de 2022 | 11h31

Nas redes sociais, é comum nos depararmos com vídeos, posts e propagandas, e-mails divulgando formas de ganhar dinheiro e contando histórias emocionantes e tentadoras sobre pessoas que ensinam como enriquecer fácil e rápido. Entenda como funciona esse esquema, chamado de pirâmide.

A estratégia consiste em pagar os primeiros investidores até que a rede cresça o suficiente, pois eles mesmos vão compartilhar essa oportunidade de negócio com sua rede de contatos. Para os criminosos, é muito lucrativo pagar os primeiros, aumentar a bolha o mais rápido possível e desaparecer com o dinheiro de muitos.

Exemplo de uma pirâmide sem produtos:

- Uma pessoa convence dez outras a participar de uma “oportunidade infalível de investimento”.

- Os dez recrutados pagam cada um R$ 100 ao recrutador inicial, num total de R$ 1 mil.

- O recrutador incita seus recrutados a atrair, cada um, dez novas pessoas para fazer o mesmo.

- No caso do sucesso de cada recruta, o lucro é de R$ 900, com um investimento de R$ 100.

- Os dez primeiros recrutas já lucraram 100 a menos que o iniciador do esquema.

- Sucessivamente, os que estão abaixo irão ganhar gradualmente menos, até que o lucro seja nulo em níveis mais inferiores da pirâmide.

Exemplo de uma pirâmide com produtos:

- Uma empresa reúne 10 vendedores, cada um pagando R$ 1 mil pelo seu kit inicial de produtos e seu treinamento.

- A empresa recebe 10% do valor de cada kit inicial.

- A empresa também fica com 10% das vendas de cada produto, incluindo novos kits iniciais.

- Os recrutas são informados de que a maneira mais rápida de ganhar não é com a venda dos produtos, mas com o recrutamento de pessoas que comprem os kits iniciais.

- As pessoas no topo da pirâmide recebem comissões de todos seus subalternos.

Mas como identificar esse esquema?

Seguem quatro características que podem indicar que, na verdade, você está lidando com um esquema de pirâmide:

1) Promessa de riqueza rápida: essa é a forma utilizada para atrair as pessoas, com propagandas e anúncios que dizem “ganhe dinheiro rápido”, “ganhe dinheiro sem sair de casa”. Eles usam números e rentabilidades que beiram o absurdo e te garantem não haver risco de perder dinheiro.

2) Eventos físicos convincentes: essas empresas costumam fazer eventos presenciais, nos quais as pessoas que estão no topo da pirâmide e conseguiram um ganho de dinheiro rápido dão palestras, contando sobre suas experiências com o produto e como ele mudou as suas vidas, na tentativa de convencer que é um negócio confiável e perfeito.

3) Produto duvidoso: as empresas montam sites de fachada muito bem-feitos e convidativos. Com isso, os profissionais passam a vender o produto, que normalmente são chás, vitaminas, planos de seguros, ou até mesmo criptomoedas. Além disso, prometem ganho extra na indicação de novos clientes.

4) O “investimento”: as empresas exigem uma taxa de inscrição, treinamento e um estoque mínimo para começar a operação. Na realidade, quando a bolha aumenta, esse é o principal ganho dos criminosos: a entrada de mais e mais vendedores obrigados a pagar para poderem se filiar e vender.

A prática de pirâmide financeira é proibida no Brasil e configura crime contra a economia popular (Lei 1.521/51). Com promessas de retorno expressivo em pouco tempo, os esquemas de pirâmide financeira são considerados ilegais, porque só são vantajosos enquanto atraem novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e, então, entra em colapso.

Qual a diferença de marketing multinível e pirâmide financeira?

O marketing multinível, baseia-se na distribuição de produtos e serviços por meio da indicação de distribuidores independentes, que recebem um bônus por isso, e seu modelo comercial é sustentável. Já na pirâmide, o sucesso financeiro e a remuneração dos líderes dependem mais das taxas de adesão, de aquisição prévia de produto, de pagamento por treinamento, entre outras.

E os golpes com criptos?

A falta de uma legislação que permita controlar e fiscalizar a negociação de moedas digitais no país e a grande valorização das criptomoedas em um curto período são fatores que colaboram para virar um bom “produto” para os golpistas.

No mundo, há relatos de mais de sete mil casos de golpes envolvendo o Bitcoin e outras moedas digitais. É importante ficar atento a promessas de ganho rápido com números muito elevados. Afinal, não há garantia de retorno em renda variável.

Desconfie sempre de dinheiro fácil e rápido. Se fosse fácil assim, estaríamos todos ricos. Quer fugir de pirâmides financeiras e falsas promessas sobre como enriquecer? Saiba que é possível investir com segurança e assertividade. Converse com seu assessor de investimentos.

Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.

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