Chegou o fim de novembro e os brasileiros só pensam em uma coisa: a primeira parcela do 13º salário, que se não caiu deve cair até hoje, data limite para o depósito. Arrisco dizer que, para muita gente, a gratificação natalina é mais esperada do que o Hexa pela seleção. Afinal, o recurso suplementar ajuda nas pendências de final de ano, nos presentes de Natal e na organização para os tradicionais boletos que chegam logo após o réveillon.
Para os mais organizados, o depósito do 13º salário também dá a chance de engordar os investimentos feitos ao longo do ano com um aporte mais generoso. Mas quais são os melhores ativos para aplicar a primeira parcela do dinheiro extra?
Conversei com especialistas para encontrar a resposta para essa pergunta, mas é importante destacar que ela depende de fatores como o perfil do investidor e o prazo da aplicação.
Neste artigo, abordo as possibilidades de fundos de investimento para investir o 13º de trabalhadores conservadores, ou seja, menos inclinados ao risco, e também para os arrojados.
Outro elemento importante é o tempo disponível para aplicação. Aqui considero que o leitor já tem uma reserva de emergência que cobre de seis meses a um ano de seus gastos essenciais, e investirá com objetivos de médio e longo prazo.
Mas por que investir o 13º salário por meio de fundos? São três os fatores.
Primeiro é que, para quem não consegue dedicar muito tempo para estudar diversas classes de produtos, esses veículos garantem a diversificação do portfólio com uma gestão qualificada.
Outro ponto positivo é tributário: quem compra e vende ativos diretamente no mercado precisa lidar com os impostos de cada operação, enquanto nos fundos o recolhimento é feito pela própria instituição onde a operação foi realizada.
A terceira vantagem é diversificação para além do que está disponível para uma pessoa física. Juntando os investimentos de todos os cotistas é possível ter acesso a produtos com uma aplicação mínima elevada e instrumentos restritos a grandes investidores.
É preciso porém alguns cuidados na hora da escolha. Quanto mais ativo for o gestor, mais é preciso estar atento à experiência e ao nível de risco. Já nos fundos com menos atividade da gestão o custo é bastante importante para não comprometer a rentabilidade com altas taxas administração.
Já ouviu a palavra da previdência privada? Está aí uma classe de fundos que não é bem aproveitada pelo investidor.
Analistas indicam que o 13º salário também possa ir para a previdência todos os anos, por dois motivos. O primeiro é que, independente do perfil, é preciso pensar sempre no longo prazo. O segundo é porque o salário extra ajuda a completar aquela possibilidade de deduzir as contribuições feitas ao plano em até 12% da renda bruta tributável anual na declaração do IR de limite do PGBL.
Para quem não conhece a sigla, PGBL corresponde ao Plano Gerador de Benefício Livre, um tipo de plano de previdência privada com incentivos tributários. Vale destacar, contudo, que o PGBL é indicado apenas para quem entrega a declaração completa do imposto de renda, é segurado da Previdência Social e investe pensando no longo prazo — superior a oito anos.
Os produtos desse tipo também chamam a atenção pela ausência do “come-cotas”, tributação semestral dos fundos de investimento comuns. Em vez de pagar IR de seis em seis meses, o participante de um PGBL só paga imposto na hora de resgatar ou receber uma renda do plano.
Está convencido das vantagens dos fundos previdenciários? É bom saber que hoje existem produtos que diversificam seu portfólio ao comprar um pouco de cada classe de ativos como inflação, crédito, ações, criptomoedas, dólar e ouro.
Porém se a super diversificação é demais para o seu coração avesso aos riscos, existem os produtos que concentram o patrimônio somente em renda fixa.
Mas nem só de previdência vive uma carteira de fundos de investimentos. É possível destacar os fundos de crédito privado e de infraestrutura. E, assim como ocorre com a previdência, o segundo tipo pode trazer um benefício fiscal: portfólios formados por debêntures incentivadas são isentos de IR.
O mercado de debêntures entretanto está oscilando atualmente, a rentabilidade dos fundos de infraestrutura também varia e pode ficar abaixo do CDI em alguns momentos. Na alocação sugerida pelos analistas que conversei, os juros pós-fixados ocupam 85% da carteira, enquanto os multimercados ficam com 10% e a inflação com apenas 5%.
Os especialistas consultados não se esqueceram dos investidores arrojados e deixaram suas indicações para quem quer investir o 13º salário em produtos com uma parcela maior de risco para obter uma rentabilidade superior.
Além dos fundos multimercados, especialmente os produtos macro e multigestão, outra boa pedida para os arrojados são os fundos de ações, especialmente os nacionais. Existe um consenso da Bloomberg que projeta um upside de cerca de 34% para a bolsa brasileira nos próximos 12 meses, contra 13% para a americana. Ou seja, para eles haveria mais oportunidades no mercado local. O investimento nas ações da B3 também é parte importante da estratégia traçada para investidores mais agressivos.
Por Paulo Nascimento Filho, empresário, assessor de investimentos, influenciador e criador de conteúdo sobre finanças e educação financeira.
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