Uma pausa para tomar fôlego costuma cair bem. Principalmente em ocasiões nas quais tudo ao redor parece prestes a desabar. Essa sensação tomou conta do mercado financeiro nos últimos dias. Tudo por causa de Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed - o banco central norte-americano).
Na última sexta-feira, durante o simpósio de banqueiros centrais de Jackson Hole, ele sinalizou que o Fed pretende domar o dragão da inflação a qualquer custo. Mesmo que isso lance a economia norte-americana em recessão. Naquele dia, a conclusão levou os principais índices de ações dos Estados Unidos ao pior pregão em meses. O chá de climão resistiu ao fim de semana e repetiu-se no início desta semana nas bolsas de praticamente todo o mundo.
Por aqui, o fluxo estrangeiro parece estar sustentando o Ibovespa acima dos 110 mil pontos, apesar do cenário complicado para as ações. Tanto o Fed quanto o Banco Central Europeu (BCE) devem continuar subindo o juro, o que torna a situação especialmente atribulada para as bolsas emergentes. Porém, esse não parece ser o caso da B3, a bolsa de valores brasileira: em agosto, o fluxo estrangeiro é positivo em R$ 18 bilhões até o momento.
Parte desse movimento pode ser explicado por nosso juro. Estamos com uma taxa Selic mais elevada há quase um ano, ao contrário das principais economias. Dados do mercado de trabalho divulgados nesta semana mostram mais uma desaceleração na geração de vagas, sugerindo que a política monetária está, finalmente, surtindo efeito na economia real. Infelizmente, é preciso alguma desaceleração econômica para trazer a inflação de volta ao rumo, o que parece estar acontecendo. Assim, é possível enxergar um fim para o aperto monetário aqui no Brasil, e isso não pode ser dito dos demais países.
A persistência do petróleo alto pode justificar outra parte da entrada de capital. Como tem sido comum no pós-pandemia, diversos fatores sustentam o barril acima dos US$ 100. Desta vez, é a perspectiva da OPEP reduzir sua produção, além da temporada de furacões no Atlântico e do impasse no acordo nuclear entre Ocidente e Irã. Importante salientar também que ainda temos uma oferta apertada da commodity, diante dos baixos investimentos em capacidade nos últimos anos. A Petrobras, que responde por 13% do Ibovespa, acaba se beneficiando disso: a estatal foi a maior pagadora de dividendos do mundo neste terceiro trimestre.
O valuation depreciado do Ibovespa também não poderia deixar de ser mencionado como um fator. Mesmo depois da alta recente, o índice continua negociando a um múltiplo agregado de 7x o lucro projetado para os próximos 12 meses, desconto maior que 30% frente a média histórica.
Ocorre que apesar desses fatores estarem atraindo os gringos, o investidor doméstico ainda não parece convencido. Os fundos multimercado estão alocando menos de 5% dos seus portfólios em ações, versus média histórica de 13%. Posicionar-se forte em bolsa brasileira não é, portanto, uma visão consensual. Afinal de contas, temos à frente uma eleição que pode mudar a condução da política econômica do país. Há preocupações sobre a responsabilidade fiscal nos próximos anos: se o governo, seja ele qual for, passar a gastar mais, a queda dos juros fica menos viável. Ou seja, podemos conviver com os juros altos por muito tempo ainda.
Entretanto, não podemos perder de vista que, não fossem esses riscos, o Ibovespa não estaria tão barato. É preciso ir contra o consenso para gerar retornos acima da média, mesmo que isso signifique correr o risco de estar errado. Passando as eleições, e assumindo que o próximo presidente fixará alguma âncora fiscal crível, os investidores profissionais se posicionarão com velocidade. Talvez, o risco real para mim e para você, investidores comuns, seja dormir no ponto.
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