Reuniões sigilosas, uma delas na sede do Sindicato dos Eletricitários do Norte e Noroeste Fluminense, em Campos, na tarde de segunda-feira (08), com pessoas da cidade e municípios vizinhos, segundo informações de participantes, teve inclusive, presença de advogados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), com coordenação do pai e do irmão do deputado estadual Rodrigo Bacellar, o ex-vereador Marcos Bacellar e o vereador Marquinhos Bacellar. Os participantes seriam os que têm nomes na denunciada lista secreta da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) - investigada pelo Ministério Público Estadual (MP-RJ) devido aos altos gastos com folha de pagamento de funcionários em contratações suspeitas.
Além do sindicato, outros núcleos reuniram pessoal em diferentes pontos da cidade, em horários diferentes e todos com a presença dos Bacellar. Relembrando que o vereador Marquinhos, até a última sexta-feira (5), declarou em entrevista ao RJTV, que desconhecia irregularidades nas contratações, embora sua companheira, Bárbara Silveira dos Santos, tenha sacado R$ 22.339,58, em dois meses, pela Cederj na agência central do Bradesco, em Campos. Indagado pela reportagem sobre o cargo que ela ocupava, o parlamentar retrucou: “pergunta para ela ou para o Ceperj”.
O objetivo das reuniões seria tranquilizar os presentes quanto aos pagamentos que, de acordo com os advogados, “serão normalizados no próximo mês, com o acerto dos atrasados, tão logo o assunto não tenha tanta repercussão”, detalhou uma das fontes, em clara demonstração de impunidade quanto as práticas apuradas pela Justiça, com gastos que já despenderam montante acima de R$ 264 milhões apenas nos primeiros meses deste ano, com fortes indícios de "rachadinha" – prática que consiste no repasse, por parte de um servidor público ou prestador de serviços da administração, de parte de sua remuneração a políticos e/ou assessores.
Para acesso ao local da reunião, foi necessário que os participantes entrassem pela rua dos fundos, não deixando evidente o aglomerado de pessoas na estrutura, que já comportou além da sede do sindicato, presidido pelo ex-vereador Bacellar, uma academia de médio porte, na Av. 28 de Março.
Na entrada para a reunião, medidas de segurança foram adotadas, como desligar os celulares e, ainda assim, lacrar câmeras e autofalantes dos mesmos, conferindo ao encontro um tom de maior sigilo e, ao mesmo tempo, de falta de confiança nas dezenas de participantes, entre homens e mulheres, recrutadas sem processo seletivo transparente e com ampla concorrência para trabalhar em projetos sociais custeados com recursos do Governo do Estado. O MP já declarou que os gastos com a folha de pagamento em pelo menos cinco programas, tais como “Esporte Presente”, “Casa do Trabalhador”, “RJ para Todos”, “Observatório do Pacto RJ” e “Cultura para Todos”. Na lista em poder da Justiça, constam mais de 22 mil nomes em 1.080 páginas, com salários entre R$ 1.900, e R$ 13 mil.
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