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A proteção ficou mais cara, mas continua essencial


  • Olhar Econômico
  • 27 de Julho de 2022 | 07h48
 Foto: Reprodução
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Na última coluna do mês, termino feliz a minha proposta de auxiliar o investidor sobre onde investir no 2º semestre. Consegui abordar o cenário macro, a renda fixa, a renda variável, os fundos imobiliários, além dos imóveis. O leitor freqüente pôde acompanhar e caso tenha perdido alguma, basta pesquisar as colunas de julho no arquivo ao lado.

Chovendo no molhado, na coluna de 29 de junho, abordei sobre o dólar. A moeda norte-americana e o ouro podem ser classificados como defensores de seus investimentos dos ataques especulativos. Mesmo no cenário atual, com o dólar volátil.

Existe uma máxima no mercado de sempre ter dólar na carteira. Já no caso do ouro, talvez seja o caso de repensar neste momento. Porém com a renda fixa pagando dois dígitos aqui no Brasil, você deve se perguntar por que deveria investir em dólar. Para explicar, é mais fácil voltarmos um pouco no tempo.

Em 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo vivia uma pandemia da até então desconhecida Covid-19, os mercados entraram em pânico. Os investidores então procuraram ativos seguros. E a moeda norte-americana é um deles, ao lado do ouro e dos títulos públicos dos Estados Unidos, os chamados Treasuries.

Aqui no Brasil vemos uma valorização do dólar sempre que temos momentos de estresse. Mas o começo da pandemia foi mais do que isso. O que ocorreu foi um choque extremo na economia mundial que provocou reprecificação em todos os ativos. E para onde correram os investidores? Você já sabe.

Dito isso, mais do que obter ganhos investindo em dólar, a razão de ter parte dos seus investimentos atrelados à moeda americana é de protegê-los de eventuais choques internos ou externos. É assim que trabalham os grandes gestores.

Lá no início da pandemia, os bancos centrais de todo o mundo adotaram medidas para prover liquidez e reduzir os impactos na economia. Em nosso país, os juros chegaram à mínima histórica de 2% ao ano, e proteger o patrimônio por meio do câmbio tinha um custo muito baixo. Conforme a vacinação contra a Covid-19 foi avançando e tornando possível a reabertura econômica, o excesso de demanda colidiu com o choque de oferta e provocou efeitos inflacionários no mundo todo.

Agora, os bancos centrais estão na mão inversa do começo da pandemia, subindo os juros para desaquecer a economia. Dessa forma, os investimentos em títulos de dívida do governo acabam se tornando mais vantajosos. Entra em campo o conceitual custo de oportunidade: quanto você está deixando de ganhar na renda fixa para investir em dólar? Hoje é possível encontrar Certificados de Depósitos Bancários (CDB's) com remuneração próxima de 9% ao ano acima da inflação, como do BTG - o  maior banco de investimento da América Latina, sendo que o único esforço do investidor é carregar o ativo até o vencimento.

Então por que investir em dólar? Pela diversificação. É interessante também medir quanto da sua cesta de consumo está atrelada ao dólar. Seja por viagens ao exterior, seja por bens importados. Sem contar que o segundo semestre deverá trazer volatilidade pelas eleições presidenciais. Mais uma proteção do chamado risco Brasil.

Uma maneira simples de investir em dólar é por meio de fundos cambiais. Nesse caso, o ideal é aplicar nos produtos com a menor taxa de administração possível como o BTG Dólar.

Além do dólar, o ouro também é considerado um ativo seguro. No começo da pandemia, muitos fundos de ouro ficaram famosos por ganhos consideráveis, mas esse é um investimento que divide opiniões. Costuma-se dizer que o ouro é uma proteção para a inflação. Especialistas porém alegam tratar de proteção para Bancos Centrais lenientes com a inflação. Tanto é que o ouro viveu seu melhor momento quando o Federal Reserve (Fed - o banco central dos EUA) parecia estar menosprezando a inflação. Agora com a subida dos juros por lá, estamos vendo a cotação do ouro desandar.

Importante pontuar também que no ouro sequer existe uma remuneração na forma de juros. Ou seja, o rendimento depende apenas da valorização do metal. Historicamente existe grande correlação com o juro real. Com o juro subindo, o ouro acaba perdendo parte de sua atratividade.

A alocação no exterior, seja via BDRs (Brazilian Depositary Receipts) ou ações gringas, também tende a ser interessante para quem busca diversificação da carteira, redução de riscos e mais oportunidades de investimento. Algo que facilitou muito a vida nos últimos anos é o acesso facilitado aos BDRs: segundo levantamento feito pela Economatica, a bolsa brasileira conta atualmente com 847 ativos do tipo, a maior parte deles de companhias americanas.

Entretanto, o ambiente macroeconômico exige um melhor entendimento e facilidade de leitura dos cenários. Às vezes, nem mesmo os melhores analistas de mercado dão conta de compreender o que virá a seguir. Logo, a tarefa do investidor pessoa física não é trivial — e é preciso ter consciência disso. Quem agüentar os trancos do mercado pode ser recompensado no futuro, especialmente porque, apesar do momento macroeconômico desafiador, muitas empresas mantêm seus fundamentos.

Neste contexto, as empresas de commodities são uma proteção natural. Resultados passados não garantem resultados futuros, mas ainda assim pode ser interessante saber como alguns BDRs se comportaram ao longo do primeiro semestre do ano. Abaixo os 5 BDRs com melhor desempenho até aqui, lista dominada pelas empresas de óleo e gás:

Empresa

País

Código

Retorno no 1º semestre

Occidental Petroleum

EUA

OXYP34

91,81%

Valeo Energy

EUA

VLOE34

43,06%

Exxon Mobil

EUA

EXXO34

34,34%

Unum

EUA

U1NM34

30,17%

Marathon

EUA

M1PC34

28,87%

Levantamento: Economatica

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