Após a prisão do médico anestesista na madrugada de segunda feira do dia 11 deste mês, onde foi autuado em flagrante por estupro de uma grávida em trabalho de parto no Hospital da Mulher, a sociedade foi fomentada por um sentimento de indignação. Como um profissional responsável pelo cuidado das pessoas, comete uma atitude tão desumana? Isso trouxe uma reflexão para todos nós... Afinal, o que é a violência obstétrica? Quebrar o tabu sobre esse assunto, é importante para colaborar com que a violência contra as gestantes não ocorra.
Por isso, essa semana iremos descrever algumas situações de abuso, desrespeito, negligência e maus tratos, vivenciadas por grávidas durante o trabalho de parto, conceituado como violência obstétrica.
A violência obstétrica, se configura através de certos tipos de violência sofridas pela gestante e seu bebê em todo o processo de gestação, seja antes, durante ou depois do parto. São condutas que tornam as mulheres sujeitas a procedimentos, hábitos hostis, desnecessários, não recomendáveis e desumanos, que desrespeitam seus corpos e o ritmo natural do bebê com a mãe.
Conforme o dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência Contra as Mulheres em 2012, foi identificado algumas atitudes que configure a violência no período de gestação.
Violência Física: Administração de medicamentos não justificados pelo estado de saúde da grávida ou do bebê, o não respeito com o tempo e as possibilidades de parto biológico, a utilização indevida de ocitocina sintética (método farmacológico utilizado para induzir o trabalho de parto), manobra Kristeller (pressão externa sobre o útero da mulher, com objetivo de acelerar o trabalho de parto), privação de ingestão de líquidos e alimentos, toques vaginais doloroso e repetitivos, raspagem dos pelos pubianos, lavagem intestinal, a negação de anestésicos, o uso de fórceps (instrumento utilizado para facilitar a saída do bebê), a imobilização de membros inferiores e ou superiores, a imposição de uma posição de parto.
Violência Psíquica: Está relacionada ao tratamento desumanizado, grosseiro, humilhação, discriminação, ações verbais, físicas, de negligências, comportamentos ou qualquer outra atitude que provoque na mulher: sensações e emoções de medo, desamparo, inferioridade, insegurança e instabilidade emocional. É algo mais complexo, devido à subjetividade de cada mulher, pois, para algumas mulheres uma situação pode afetá-la intensamente e para outras não.
Violência Sexual: Qualquer ação imposta a mulher que viole sua intimidade ou pudor, incidindo sobre seu senso de integridade sexual e reprodutividade, podendo ter acesso ou não aos órgãos sexuais e partes intimas do seu corpo.
Sendo assim, compreender como ocorre a violência obstétrica, é uma forma de prevenção. Uma outra forma de prevenção para que esse tipo de violência não aconteça, são as consultas iniciais, onde a gestante garante seu protagonismo tendo sua voz ouvida pelo profissional. É importante questionar ao médico sobre os procedimentos e como a gestante se sente mais confortável, o que ela quer e o que ela não quer na gestação, pois o médico não é o detentor de toda a verdade, a gestante precisa se sentir bem.
Um grande abraço, até a próxima postagem.
Sérgio Alexandre Sá
Psicólogo
CRP 05/58383
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