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Quem é Rodrigo Bacellar e como conquistou tanta força política?


  • Opinião NF
  • 03 de Julho de 2022 | 07h07
 Foto: Arquivo/NF Notícias
Foto: Arquivo/NF Notícias

Na última semana, escrevemos aqui sobre quem é Cláudio Castro e os acordos que podem mudar os rumos da política fluminense. Dentro desse contexto, não tem como deixar de falar sobre Rodrigo Bacellar. Além de um excelente articulador, o campista encontrou a tempestade perfeita e soube como ninguém surfar nas ondas de um estado caótico e recheado de problemas políticos para alcançar a maior liderança e influência política de um campista desde os tempos em que os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho habitavam o Palácio Guanabara.

Advogado e deputado estadual de primeiro mandato, Bacellar logo ganhou protagonismo na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pela amizade com o atual presidente, André Ceciliano (PT). Tanto que foi escolhido para relatar o processo de impeachment do ex-governador Wilson Witzel.

O documento produzido por Bacellar foi seguido pelo Tribunal Especial Misto, culminando com o afastamento de Witzel e a ascensão do então vice, Cláudio Castro, ao comando do Estado do Rio de Janeiro. 

Desde então, nasceu uma relação para lá de estreita entre Castro e vários deputados estaduais, que passaram a comandar diversas secretarias fundamentais. Em especial, Rodrigo Bacellar foi nomeado para a Secretaria de Estado de Governo, considerada uma das mais importantes e com maiores recursos da administração.

Com toda essa estrutura em mãos, Bacellar pôde competir – e superar – a concorrência da máquina da prefeitura de Campos e, desta forma, organizou a oposição na Câmara Municipal como poucas vezes se viu nos últimos tempos. Irmão de Rodrigo, Marquinho Bacellar foi o único a votar contra o atual presidente do Legislativo, Fábio Ribeiro, no início da legislatura. Em menos de um ano e meio depois, o grupo oposicionista já conta com a maioria dos parlamentares na Casa de Leis.

A máquina do Estado foi inflada com os recursos da privatização da Cedae, que aportou nos cofres do governo uma quantidade inimaginável de dinheiro. Com amplo apoio da Alerj e dinheiro em mãos, Castro tem usado esse momento para sair do anonimato político e conseguir a reeleição. São obras e investimentos amplamente espalhados por todo o estado, em um projeto capitaneado por Rodrigo, que, nos bastidores, é cotado até para presidir a Alerj em 2023.

A estratégia pode até dar certo eleitoralmente, mas é preciso lembrar que esse dinheiro vai acabar um dia e o Rio de Janeiro está em Regime de Recuperação Fiscal. Com uma base frágil, escorada no mais conhecido toma lá, dá cá da política, o governador – qualquer um que seja eleito em outubro – precisará ter muita competência, para além dos acordos políticos, para administrar o RJ. 

E vale lembrar, como publicou a revista Istoé e outros meios de comunicação na época, a delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que embasou o processo de impeachment de Witzel, também traz citações a Rodrigo Bacellar, André Ceciliano e o próprio Cláudio Castro. De acordo com o Ministério Público Federal, Edmar diz que Bacellar privilegiava municípios de seu reduto eleitoral para um suposto esquema de repasse de doações da Alerj onde deputados receberiam uma parte de volta.

Independente do que acontecer, o que já está claro é que Campos e os campistas estão no centro da disputa pelo Governo do Estado. A influência dos políticos locais está em ascensão e a única coisa que a população fluminense não quer é ver filmes repetidos na tela do Guanabara.

 

 

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