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Os "idiotas" tem voz na internet e também querem te influenciar


  • Opinião NF
  • 29 de Abril de 2022 | 07h33

Os influenciadores digitais são fenômenos da era digital. Pessoas que conseguem relativo sucesso nas redes sociais – seja pelo conteúdo ou pelo dinheiro para comprar seguidores – ostentam em seus perfis a alcunha de “influencer” e ganham com isso. Também vivemos o “boom” dos chamados sites de notícias e da banalização do jornalismo. Qualquer pessoa se diz jornalista hoje em dia. E, em meio a um mar de informações e influências, é normal ficar perdido e não saber no que confiar. E quando essa influência é trabalhada propositalmente para confundir a população? Aí entramos em outro fenômeno dos tempos modernos no qual o mundo tem se debruçado, mas parece ainda longe de encontrar uma solução: as fake news.

Trazendo essa realidade para nosso canavial, quem acompanha mais atentamente as redes sociais em Campos tem percebido um movimento massivo nos últimos tempos com objetivo claro de confundir deliberadamente a população. Essa amplitude no acesso e produção de conteúdo é importantíssimo se essa liberdade for bem utilizada. Só que as redes sociais também deram voz a muitos "idiotas" que se dizem jornalistas ou influenciadores para influenciar negativamente a posição política local.

São pessoas que se vendem, sem compromisso ético e profissional com o jornalismo, e mudam de opinião abruptamente sem o menor constrangimento. É o famoso verbo de acordo com a verba. Tentam criar narrativas na base da insistência, de tanto martelar o mesmo assunto, mesmo que seja mentira.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, se falou bastante na mídia sobre como também a guerra de narrativas é uma tática importante dentro do confronto bélico. Por exemplo, se a Rússia bombardeou um hospital e matou centenas de civis inocentes, o governo russo jamais vai admitir. Vai falar sempre que foram um ato de sabotagem dos ucranianos. E dizem isso tantas vezes que em algum momento, mesmo sabendo que não foi verdade, algumas pessoas se pegam questionando: “será que eles não têm razão?”.

Obviamente que, guardada as devidas proporções, é mais ou menos a mesma tática aplicada à política local. Uma blitz de informações disparadas por influenciadores, por pseudos sites. Essas “notícias” vêm em velocidade tão grande e por tantos meios que os veículos sérios da imprensa e a estrutura de comunicação da prefeitura não conseguem acompanhar e a desinformação se espalha cada vez mais, aproveitando o já natural descontentamento da população sobre os políticos e governos.

Agora um exemplo local. A prefeitura tem promovido uma mudança importante na mobilidade urbana. Diferente do que muitos pensam, uma equipe qualificada e técnica ficou por meses estudando alternativas para melhoria do trânsito dentro da cidade e aproveitaram o recapeamento das ruas na área central para essa implementação. O governo anunciou que aconteceria no último final de semana, durante o feriadão, a mudança nos sentidos de algumas vias, o que, naturalmente, cria retenções e confusão até serem assimiladas.

Maldosamente, alguns pseudos sites e influenciadores passaram a pegar carona na crise política da Câmara de Campos e nas mudanças na mobilidade urbana, deixando escancarado o objetivo político deste movimento. Durante vários dias, o Legislativo teve dias de muita confusão, troca de agressões e até pessoas armadas circulando no plenário. O presidente Fábio Ribeiro, logicamente, solicitou o reforço na segurança. Então, pegaram fotos dos carros da Guarda Municipal em frente à Câmara e começaram a questionar: “tem guarda para a Câmara, mas não tem para controlar o trânsito”.

As mudanças no trânsito aconteceram no final de semana, enquanto as sessões são terça e quarta. Além disso, o agente que atua na segurança do Legislativo não é o mesmo habilitado a atuar na orientação do tráfego de veículos. Mas faz parte dessa estratégica espalhar mensagens quase sempre rasa, simples e que misturem fake news com algo da política e do dia a dia do cidadão para melhor assimilar. E assim se constrói uma fábrica de influenciadores do mal. Ou seria a nossa versão do gabinete da mentira?

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