A pesquisa Quaest/Genial, divulgada na última terça-feira (22), mostra que o cenário eleitoral na disputa ao Governo do Estado do Rio de Janeiro começa a se consolidar. Ainda são poucos levantamentos realizados e tem muita água para passar debaixo dessa ponte, mas o governador Cláudio Castro (PL) aparece pela primeira vez numericamente à frente do deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Embora empatados dentro da margem de erro, de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos, Castro tem 23% das intenções de votos contra 18% de Freixo, em um cenário mais realista. Neste caso, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) tem 10% e deputado federal Paulo Ganime (Novo) chega aos 2%.
O que chama a atenção é ainda o grande índice daqueles que responderam que votariam em branco, nulo ou em nenhuma das opções. Estes somam 35% e, junto com os 11% de indecisos, representam quase metade dos entrevistados. Apesar de desenhado, o cenário está totalmente indefinido. Se por um lado o governador ainda não é tão conhecido do eleitor fluminense – fruto de sua entrada repentina no cargo após o impeachment de Wilson Witzel –, por outro lado ele tem o trunfo de ter a poderosa máquina do Estado em mãos. E turbinada com as verbas da concessão da Cedae.
Um exemplo desse terreno pantanoso por qual Cláudio Castro trafega são os índices de popularidade de sua gestão. Ao todo, 42% dos entrevistados falaram que a administração é regular, enquanto 22% disseram ser positiva e 19% relataram ser negativa.
Interior fundamental
Existe uma grande massa de eleitores que ainda não estão decidida, mas Castro tem a faca e o queijo nas mãos. Mesmo sem ser tão conhecido e antes do início da campanha oficial ele aparece numericamente à frente, com perspectiva de crescer ainda mais. Mas isso depende imensamente do sucesso ou fracasso do seu plano de espalhar obras por todo o estado com o dinheiro da Cedae. Se ele decolar, tem potencial de levar o governador a reboque. No entanto, se travar por quaisquer que sejam os motivos, a insatisfação será grande não apenas da população, mas dos prefeitos, que hoje são os principais cabos eleitorais do governador. E é neste ponto que o interior se tornar uma peça chave para esta eleição.
Fator Garotinho
De acordo com a Quaest/Genial, Cláudio Castro tem seus melhores desempenhos entre os eleitores do interior (24% contra 14% de Freixo) e na Baixada Fluminense (22% contra 15% de Freixo). Além do pacote de obras, questões políticas nas duas regiões ameaçam dar dor de cabeça a campanha do governador e têm potencial de mudar bastante as coisas. Uma delas é o ex-governador Anthony Garotinho, que anda insatisfeito com as movimentações do secretário de Governo Rodrigo Bacellar para minar o governo de Wladimir Garotinho em Campos. Ele tem falado cada vez mais em lançar uma candidatura própria e se colocou como pré-candidato.
Descontentamento na Baixada
O outro ponto seria o União Brasil. Possível futuro partido de Garotinho, ele é comandado por Waguinho, atual prefeito de Belford Roxo, na Baixada. A legenda cobra maior espaço dentro do Palácio Guanabara e ainda quer indicar o nome do vice de Cláudio Castro. Se isso não acontecer, poderá apoiar Garotinho ou migrar para o ninho do prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD).
Terceira via
Paes, por sua vez, tenta emplacar uma terceira via na disputa estadual. Ele lançou o nome do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz, mas fechou uma parceria com Rodrigo Neves (PDT). Eles vão decidir mais à frente, baseado nas pesquisas, quem será o cabeça da chapa. Provavelmente, este será Neves, que tem mais densidade eleitoral e já aparece com 10% na Quaest/Genial. Desta forma, com a alta rejeição de Marcelo Freixo, o pedetista poderia crescer com o apoio do União Brasil e ser uma alternativa ainda mais incômoda ao governador para o segundo turno.
Tem muita água para rolar, mas os caminhos já vão se apresentando e esta eleição tem tudo para ser disputada até o último dia. Vamos acompanhar tudo, claro, com foco em nossa região. Afinal de contas, o interior tem ganhado cada vez mais protagonismo político no estado e precisamos que isso se converta em melhorias para nossas cidades.
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