Já se passou mais de um mês desde a eleição para Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campos, em 15 de fevereiro, quando Marquinho Bacellar – líder da oposição – foi proclamado como novo presidente para o biênio 2023-2024. Posteriormente, o resultado foi anulado por decisão da Mesa porque Nildo Cardoso não teria votado, uma vez que o Regimento Interno diz que o voto precisa ser nominal. Desde então, o Legislativo campista vive no mais completo apagão. Há mais de um mês que nenhuma sessão é realizada até o final e nenhuma pauta passou pelo plenário. A estratégia da oposição é esvaziar a Casa e não permitir a realização de sessões para pressionar o atual presidente Fábio Ribeiro mudar de ideia ou esperar uma liminar da Justiça.
No entanto, as consequências são gravíssimas para a população e, no meio desta guerra de narrativas, pouca coisa prática é resolvida. Aliás, o presidente chegou a ameaçar os faltosos de cortar o salário, mas os parlamentares conseguiram uma brecha e enviar justificativas completamente esdrúxulas para evitar a perda de dinheiro, mesmo sem trabalhar.
Não é só uma questão de quem está certo ou errado. A oposição já entrou na Justiça contra a decisão da Mesa Diretora e não há nenhuma urgência que esta eleição seja pautada logo, afinal de contas, ela pode acontecer até o mês dezembro. Como crianças mimadas, os vereadores colocam a cidade de Campos como uma mera coadjuvante em meio a uma briguinha sem sentido entre situação e oposição. Para eles, é mais importante uma disputa de poder, uma queda de braço entre duas famílias importantes da política campista para saber quem consegue comandar a Câmara, quem consegue prejudicar mais quem, enquanto o município fica estagnado.
Além da reforma previdenciária, que precisa ser votada até o final do mês para que Campos não sofra sanções, já está na Casa o projeto do prefeito Wladimir Garotinho que concede reajuste aos profissionais da Educação. Enquanto isso, os servidores municipais também ameaçam uma greve por aumento nos salários e todas essas discussões não estão passando no plenário da Casa do Povo justamente porque existe uma briga de crianças mimadas.
É vergonhoso o papelão que ocorre todas as semanas. Se querem contestar na Justiça a anulação da eleição, os vereadores de oposição estão totalmente em seus direitos. O que é inadmissível é não dar continuidade aos trabalhos legislativos por causa de picuinha pessoal. Aguardem a decisão da Justiça, mas trabalhando!
Reação
Embora, na prática, não tenha muito o que possa fazer, o presidente Fábio Ribeiro tem demonstrado sua insatisfação com a falta de trabalho da Câmara. Ele denunciou a manobra da oposição para influenciar a decisão da Justiça. O presidente relatou que esses 13 vereadores estavam se reunindo com integrantes de sindicatos dentro da Câmara, mas não aparecem na hora da sessão para pressionar por uma resposta do Judiciário. Depois, apresentam justificativas como problema de saúde ou agendas no Rio de Janeiro.
Além disso, Fábio Ribeiro denunciou o vereador Maicon Cruz por falsidade ideológica. Em 15 de fevereiro, Maicon ficou durante a tarde toda na sala do presidente e assinou um documento com sua intenção de voto em Fábio, mas acabou votando em Marquinho, o induzindo ao erro na estratégia eleitoral. Cruz foi intimado na última quarta-feira (16) pela Polícia Civil, que esteve na Câmara.
Insatisfação
No meio disso tudo, tem outro fator que tem já influenciado no Governo do Estado. Wladimir Garotinho e o secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar são aliados do governador Cláudio Castro, mas existe uma insatisfação da família Garotinho por causa dos movimentos de Bacellar nesta cruzada pelo comando da Câmara. Além disso, outro fator que tem gerado incômodo é a demora na realização das várias obras prometidas por Castro. Não só em Campos, como em diversos outros municípios do estado. Até outubro, esse incômodo pode se transformar em debandada de aliados.
Seja o Primeiro a Comentar
Comentar