Hoje teremos duas reuniões de política monetária muito importantes para nós, investidores: a dos EUA, pelo Federal Reserve (Fed) e a do Brasil, pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Sobre o primeiro, espera-se que o Banco Central norte americano aumente as taxas de juros pela primeira vez desde 2018. Por um lado, o Fed busca combater a inflação mais elevada em quatro décadas. Por outro, como a visibilidade da inflação se tornou menos clara por conta da guerra, entende-se que os efeitos sobre os preços poderão afetar a confiança na economia, a disponibilidade de renda e consequentemente a demanda geral.
Em outras palavras, se as expectativas de inflação de longo prazo aumentam, significa que pode haver um caminho maior a ser percorrido até que a política monetária apresente um contexto neutro, que não acelera e nem desacelera o crescimento.
Ao contrário do mundo desenvolvido, por aqui antecipamos um pouco do processo. Acontece que já vínhamos de uma alta considerável da inflação nos últimos dois anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado chegava a dois dígitos, próximo de 15%, tendo como principais itens os alimentos e transporte (leia-se combustíveis).
Em resposta, já estávamos subindo os juros desde o ano passado, o que nos colocaria mais próximos do final do ciclo de aperto monetário. A guerra na Ucrânia, contudo, pode ter mudado um pouco a situação. Ocorre que o conflito produz os quatro tipos de choques:
- positivo de demanda: ligado ao fato de que o Brasil passou a ser um exportador líquido de petróleo e derivados (cujos preços tiveram grande alta);
- negativo de demanda: o PIB mundial deve crescer menos este ano por causa do conflito;
- positivo de oferta: somos importadores líquidos de trigo, cevada e fertilizantes, cujos preços estão sendo muito elevados pela guerra; e
- negativo de oferta: parte do dinheiro que está sendo desinvestido da Rússia está sendo direcionada para países emergentes como o Brasil, tanto em termos de portfólio quanto de investimento direto, o que nos beneficia estruturalmente;
Completando o enredo, boa parte dos analistas já apontava um cenário de estagflação, que é quando ocorre estagnação econômica e aumento de inflação.
Neste contexto, o mercado espera uma alta da taxa de juros para 11,75% ao ano, mas não é descartada uma variação maior, com o Copom levando a Selic a 12%.
Inflação acelerada e juros mais altos, fizeram com que os investidores voltassem a se posicionar em renda fixa. Títulos indexados ao IPCA e ligados à Selic são os favoritos neste primeiro momento. Ativos reais como os imóveis voltam a ser desejados como nunca e as ações também são vencedoras clássicas de movimentos inflacionários, em especial as ligadas ao setor de commodities, como já abordado anteriormente nesta coluna.
Claro que tudo isso, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco e diversificação da carteira de investimentos, com as respectivas proteções associadas.
A Super-Quarta trará muitas novidades para os mercados. Os direcionamentos dos bancos centrais serão fundamentais para sabermos em qual sentido os ativos deverão caminhar no restante de 2022.
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