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Investindo em tempos de guerra


  • Olhar Econômico
  • 02 de Março de 2022 | 13h55
 Foto: Reprodução
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Grandes investidores sabem que gerenciamento de riscos é tão importante quanto o retorno em si. Trata-se de proteção às incertezas e turbulências, o que garante um desempenho controlado.

Vivemos o mais crítico dos períodos da geopolítica global de nossa história recente, com ameaça nuclear voltando a assombrar o mundo. Vladimir Putin voltou a usar a carta das ogivas para intimidar a Europa e os EUA, abrindo as portas para uma tensão militar vista pela última vez nos tempos da Guerra Fria.

Mas... e se o conflito se estender por meses? Existe espaço para que o barril do petróleo continue subindo indefinidamente, ou os demais produtores do mundo aumentarão sua oferta para equilibrar o mercado? Há quem aposte que o atual nível de preço já esteja perto do limite, mas há quem projete a commodity na casa dos US$ 150.

E a inflação mundial? O Federal Reserve (Fed - banco central americano) entre outras autoridades monetárias, já estavam na iminência de um aumento de juros para conter a alta dos preços. No entanto, a guerra pode mudar esses planos?

Por um lado, o conflito entre Rússia e Ucrânia eleva as pressões inflacionárias — além do petróleo, também podem ocorrer uma ruptura relevante na cadeia do trigo e do milho, o que afetaria a indústria global de alimentos. Por outro, a guerra abala o sentimento e a confiança do consumidor, criando forças deflacionárias.

É possível então que o Fed altere o seu percurso, subindo os juros com maior (ou menor) intensidade que o previsto? E, se de fato houver alguma mudança, como reagirão os mercados globais e o fluxo de capitais?

Não são perguntas simples e qualquer prognóstico a respeito dos próximos acontecimentos da guerra seriam puro "achismo" de minha parte. Resta-me então analisar os desdobramentos concretos para a economia global a partir do noticiário.

Governos e empresas estão anunciando sanções econômicas pesadas à Rússia, com destaque para o congelamento de parte das reservas internacionais do banco central russo. O espaço aéreo europeu vive uma crise, com fechamentos e bloqueios sendo anunciados continuamente.

Em Moscou, a bolsa de valores local segue fechada, mas não tem nada a ver com o Carnaval. A medida foi adotada após a proibição das transações financeiras internacionais com o país.

O ouro, considerado um porto seguro em tempos de crise, segue em alta.

No mercado de criptomoedas, a guerra no Leste Europeu levou investidores as compras. O movimento reforça a tese de que mais cedo ou mais tarde, tais ativos se transformariam numa espécie de “ouro digital”, atraindo investimentos em momentos de estresse nos mercados convencionais.

No Brasil, a entrada abundante de dinheiro gringo garantiu confete e serpentina para fechar o mês na B3, com um avanço de 0,89% em fevereiro. No acumulado do mês, o câmbio também se favoreceu, porém na sexta-feira (último dia útil) a situação foi um pouco diferente, com movimento de alta do dólar frente ao real.

Assim, por mais que acabamos de sair do feriado carnavalesco — e que os mercados domésticos nesta semana estiveram fechados até hoje - é preciso cautela ao analisar o comportamento dos ativos brasileiros com a continuidade do conflito.

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