A visita confirmada do presidente Jair Bolsonaro a Campos e ao Porto do Açu na segunda-feira (31) expõe dois lados da mesma moeda política. A primeira, claro, mostra a importância da região para o cenário nacional. Não por acaso, os três últimos presidentes – Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva – também estiveram por aqui, em especial no Açu. No entanto, o outro ponto mostra uma certa falta de força representativa local em Brasília porque essa viagem de Bolsonaro chega tardiamente, no último ano de mandato e em início de período eleitoral. Faltou um pouco mais dessa representação para poder trazer o presidente no início do governo.
Independente dessa questão política, Bolsonaro e sua comitiva desembarcam por aqui com boas notícias para o desenvolvimento regional e queremos ver esses projetos saindo do papel. O prefeito Wladimir Garotinho e sua irmã, a deputada federal Clarissa Garotinho apresentaram as demandas ao ministro de Infraestrutura Tarcísio Freitas, que conseguiu junto ao presidente a liberação para as obras da ferrovia EF 118 – integrando o Porto do Açu ao Porto de Tubarão, em Vitória –, além da duplicação do trecho urbano da BR 101 em Campos e da BR 356 para São João da Barra. Os estudos técnicos já foram realizados e a expectativa é de que haja novos anúncios importantes para a região.
Depois de saber da agenda de Bolsonaro na região, o ex-presidente Lula – também pré-candidato ao Palácio do Planalto – ligou para Wladimir e disse que virá a Campos em breve. O que só reafirma a importância política da cidade, ainda mais em ano de disputa eleitoral.
Também não podemos deixar de abordar a questão do transporte público de Campos, um dos pontos mais problemáticos da gestão municipal e que ganhou um novo capítulo nesta semana. Aliás, é importante dizer que, apesar de uma excelente administração até o momento, ao meu ver, Wladimir se precipitou e errou ao acabar com os terminais de integração sem nenhum estudo técnico já elaborado. O resultado desta decisão foi que o transporte – já problemático – ficou ainda mais bagunçado e caótico, com a invasão das vans na área central com uma concorrência desleal com os ônibus. Uma das empresas concessionárias, a Turisguá, não resistiu e fechou as portas, deixando vários desempregados. E, na prática, a população continua sofrendo com um serviço de péssima qualidade.
É óbvio que o sistema de integração adotado pelo ex-prefeito Rafael Diniz tem vários problemas, até porque foi feito às pressas, de qualquer maneira e fez a população sofrer em terminais improvisados, mal localizados que deixavam as pessoas indignamente debaixo de lonas infernais em dias de calor e que também não protegiam da chuva. Mas um acerto deste modelo foi divisão do município em vans para o interior e ônibus na área central. Ele tinha como ser melhorado, obviamente, mas dava espaço para os dois modais trabalharem com mais harmonia.
Não por acaso, representantes das empresas de ônibus e dos permissionários das vans se acertaram e voltaram a pedir a Wladimir o retorno do antigo sistema, que também depende de um bom sistema de bilhetagem. O prefeito disse que as partes precisariam assinar o acordo em juízo para não haver futuras contestações e agora, por causa dessa precipitação, poderá ter de voltar atrás e autorizar a volta dos terminais. No entanto, é importante destacar que ele afirmou que só faria isso quando terminais melhores estruturados fossem montados para a população. Wladimir errou, mas há ainda tempo para tentar resolver esse problema crônico de Campos.
Nos preparativos pré-eleitorais, o deputado estadual licenciado e secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar realizou uma enorme reunião política na extinta academia Corpo e Energia, ao lado do Sindicato dos Eletricitários de Campos, onde seu pai, Marcos Bacellar, foi presidente. Vereadores aliados a Bacellar estiveram presentes e levaram seus apoiadores e lideranças políticas, mostrando a força do grupo. Independente da disputa com Wladimir, isso só mostra a importância do município também no cenário estadual com protagonistas que estão ajudando nos avanços à população local. E há quem diga que, com a saída de André Ceciliano – atual presidente da Alerj e pré-candidato ao Senado – que Rodrigo esteja também almejando o comando da Assembleia.
Por: Cleyton Lacerda
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