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Empresários de ônibus só pensam em aumentar preço da passagem


  • Opinião NF
  • 20 de Outubro de 2021 | 15h13

Enquanto empresas do transporte coletivo de Campos, aproveitando a alta do preço do óleo diesel, falam em aumentar o preço da passagem, usuários do serviço sofrem com as chuvas dos últimos dias, em longas esperas por ônibus que, dependendo da região, nem rodam pelo local. Veículos sem condições de rodar ou com documentação atrasada têm sido apreendidos pelo Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), que também vem aplicando multas por descumprimento de horários e itinerários. A municipalidade, conforme o IMTT, tenta organizar o setor, mas medidas judiciais obtidas pelos consórcios que prestam o serviço acabam atravancando o processo, agravando a crise do setor e aumentando o prejuízo do usuário. 

Recentemente, as empresas de ônibus do Consórcio União, as auto viações São Salvador e Cordeiro, anunciaram que, a partir da próxima segunda-feira (25), não vão mais receber passagens pagas com o RioCard. O motivo foi aumento do percentual no sistema de bilhetagem eletrônica, que subiu de 2% para 4,36%. As empresas terão sistema próprio de bilhetagem. A medida pode impactar boa parte dos moradores da Baixada Campista, a muitos deles trabalhadores que recebem do empregador auxílio transporte, através do RioCard. 

Moradores da região de Serinha, Sentinela do Imbé e Caxeta fazem protestos desde fevereiro contra o transporte coletivo. A empresa de ônibus que servia as localidades e distritos deixou a linha alegando que não era rentável. Os moradores tiveram de apelar para o transporte intermunicipal, coletivos vindos de Quissamã ou Conceição de Macabu, pagando preços bem superiores de passagem para não ficarem isolados. 

De acordo com o IMTT, no início do ano, o governo municipal precisou notificar os consórcios, exigindo a regularidade de horários, linhas, quantidade de ônibus, e reformulou a atuação do transporte alternativo, que inclusive passou a complementar o atendimento ao usuário em locais em que a ausência ou irregularidade do serviço foi constatada, como na Região de Serinha, Sentinela do Imbé e Caxeta. Mas a empresa, que voltou a dividir as linhas com os veículos do transporte alternativo, conseguiu, na Justiça, impedir que vans continuasse rodando e obteve exclusividade no atendimento à região. A questão ainda está na Justiça. Os moradores continuam no prejuízo. 

A Prefeitura, ainda de acordo com o IMTT, perde o tempo que teria para arrumar o setor respondendo processos na Justiça. Empresas do transporte coletivo entraram com ações questionado até mesmo apreensões de ônibus pelos órgãos municipais competentes, a maioria motivada por denúncias dos usuários. De acordo com o presidente do Instituto, Nelson Godá, as questões judiciais tentam ser revertidas. De acordo com a população, o resultado é a restrição nas condições de mobilidade da população, no direito de ir e vir. 

O problema no transporte coletivo de passageiros atinge especialmente os que precisam se deslocar do interior para a área central, para trabalhar, estudar ou mesmo buscar serviços e produtos no comércio.  Para o presidente do IMTT, propor aumento de passagem com base no aumento do combustível é insustentável, uma vez que as empresas de ônibus não têm como comprovar a eficácia ou mesmo a efetiva prestação do serviço, precisando, no mínimo, da bilhetagem eletrônica estabelecida para termos certeza das movimentações diárias de passageiros. “Sem isso, o aumento só penalizaria ainda mais a população”.

Por: Cleyton Lacerda

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