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Você não faria em casa o que a oposição quer para Campos


  • Opinião NF
  • 12 de Agosto de 2021 | 14h26

Vamos fazer um exercício de imaginação? Você é um homem ou uma mulher de uns 40 anos. No passado, no auge do período da exploração do petróleo na Bacia de Campos, você deixou o serviço simples que tinha para ter um ótimo emprego, permitindo melhorar o padrão de vida, frequentar bons restaurantes, fazer viagens, construir uma casa dos sonhos e ter três filhos. No entanto, com a crise, você perdeu aquele trabalho, retornou ao ofício anterior e teve que parar com os luxos. Só que os gastos com a família continuam. O salário não cobre todas as despesas e seus pais ajudam com grande parte das suas dívidas. Mas o que fazer quando seus pais não podem mais ajudar? Neste caso, parece óbvio que o correto a ser fazer é tentar aumentar sua fonte de renda. Você até consegue uns bicos, às vezes, que ajudam, mas não dá para contar com regularidade. Em paralelo a isso, dentro de casa também se faz necessário a economia de gastos cotidianos.

 

Wladimir encontrou um elefante na sala

Esta é a história da Prefeitura de Campos, que viveu o período de ouro do petróleo como se não houvesse amanhã. Só que ele existe. E se tornou hoje. Administrações anteriores esbanjaram com o dinheiro dos royalties e ainda aumentaram a “família”, com o inchaço da máquina pública sem planejamento. Com o declínio econômico, um dos principais elefantes na sala do Cesec encontrado pelo prefeito Wladimir Garotinho (PSD) foi a herança do gasto com pessoal. Com menos recursos em caixa e com a mesma quantidade de funcionários do passado, a parcela da arrecadação utilizada para pagar os servidores foi crescendo até ultrapassar o limite máximo de 54%.

 

Acabou a “mesada”

Até 2020, a Prefeitura ainda podia utilizar os royalties para pagamento dos servidores. O ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania), no entanto, foi notificado em 2017 pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que o “dinheiro dos pais” não poderia ser mais empregado para gasto com pessoal, mas não avisou a atual administração, que ficou com um grande abacaxi nas mãos. E só há duas maneiras de reduzir este valor: demitindo servidores – o que não está em questão, já que não tem como “demitir” um filho – ou buscar novas fontes de arrecadação.

 

Arrecadação própria precisa crescer

Na empreitada por novos recursos, Wladimir tem conseguido parcerias importantes com Governo do Estado e com deputados federais – como a sua irmã Clarissa Garotinho – garantindo verbas extras e obras importantes. Mas é fundamental, para que o município volte a andar com as próprias pernas, o aumento da arrecadação própria. Claro que a reforma do Código Tributário é polêmica e o aumento de impostos não pode ser a única forma de fazer crescer o orçamento. Porém, em um momento de emergência, com o fim da “mesada dos royalties” repentinamente, a aprovação do projeto é necessária para que a Prefeitura sinalize ao TCE e não fique sem poder pagar a “alimentação dos seus filhos”.

 

Sem maioria para Código Tributário

Aliás, a proposta de reforma do Código Tributário – bastante modificada e amenizada após negociações – tinha tudo para ser votada na última quarta-feira na Câmara, mas acabou retirada de pauta pelo presidente Fábio Ribeiro (PSD), depois que o governo não teve segurança sobre a maioria dos votos. Isso se deu porque o presidente municipal do PDT, Caio Vianna, reforçou a orientação para que a bancada do partido – com três parlamentares – votasse contrário à medida e endureceu as ameaças aos dissidentes. Nos bastidores, a ação foi vista como um movimento do secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar. Com isso, as posições de Marquinho do Transporte e Luciano Rio Lu ficaram em dúvida, adiando a votação também do Refis.

 

Fim da bandeira branca

A aparente trégua entre Bacellar e Wladimir, patrocinada pelo governador Cláudio Castro (PL) durante visita a Campos, parece ter ficado apenas na pose para as fotos. Nos bastidores, o grupo do secretário estadual de Governo continua se movimentando para minar a governabilidade do prefeito. Com a máquina do Palácio Guanabara nas mãos, se fala nos corredores da Câmara que os dissidentes da base de Wladimir estão sendo abrigados no Governo do Estado. As disputas políticas fazem parte do jogo e são normais, mas não se pode cruzar a linha do bom senso, como está acontecendo. No final das contas, a população acaba prejudicada com a paralisação do município no meio desta guerra eleitoral antecipada.

 

Por: Cleyton Lacerda

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