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A DIFÍCIL TAREFA DE NÃO SER “FACISTA” NEM “COMUNISTA”.


  • Tempos Modernos
  • 20 de Março de 2019 | 12h26

Quando aceitei participar deste projeto me comprometi comigo e com aqueles que me acompanham que escreveria sobre qualquer assunto, buscando uma visão moderada e coerente, doesse a quem doer. Pois bem, depois de muito relutar percebi que se eu não escrevesse sobre o tema de hoje eu estaria quebrando minha promessa e me omitindo de algo que poderia doer, mas dessa vez em mim. Por isso, mesmo ciente de que desagradarei muita gente, resolvi escrever e expor o que segue.

Estamos vivendo em um momento onde todos têm opinião política (o que é bom), mas, ao mesmo tempo, o dono da opinião se considera sempre mais inteligente do que aquele que apresenta um ponto de vista diferente e um considera o outro “facista” ou “comunista”, “bolsominion” ou “pão com mortadela”. A questão é: Seria possível ter uma opinião política sem ser “facista” ou “comunista”?

Lembram do Yin Yang, aquele velho símbolo da filosofia chinesa onde dentro de um mesmo círculo temos uma parte preta com uma bolinha branca e uma parte branca com uma bolinha preta? Então, existem inúmeros significados para descrever o que o símbolo significa, entretanto a que mais me agrada é “Todo bem tem um pouco de mal. Todo mal tem um pouco de bem”. Por isso, quando questiono se é possível, nos dias atuais, não ser nem “comunista” nem “bolsominion” a resposta, absolutamente, é positiva.

Na semana anterior, por exemplo, o Brasil acordou estarrecido com o ataque ocorrido na escola de Suzano/SP. Por conta do ocorrido inúmeras personalidades políticas passaram a emitir opiniões sobre o atentado, todavia, ao meu ver, a maior preocupação que possuíam era descrever a tragédia ocorrida conforme melhor fosse para seu lado político, isto é, quem é a favor da “liberação” das armas deu ao caso a roupagem que se todos tivessem armas poderiam ter matado o terrorista antes que fizesse mais vítimas. Por outro lado, quem é a favor de desarmar a população defendeu que se ninguém possuísse armas, não teria acontecido aquela tragédia.

Particularmente acredito que esse é um caso de extrema exceção, onde dois malucos (no sentido literal da palavra), sem qualquer motivação plausível, executaram um plano inimaginável, ou seja, independentemente do tipo de política pública adotada pelo Brasil, os elementos conseguiriam armas e fariam o que fizeram. Por isso, na minha concepção, o erro está em utilizar este caso para defender posicionamento –seja ele qualquer for – sobre a política pública relativa às armas de fogo.

Em outro assunto polêmico acontecido na semana passada, a Deputada Federal Joice Hasselmann (PSL), em vídeo que circula nas redes sociais, defende que lutará nas ruas para que as forças armadas intervenham no país “se o Supremo Tribunal Federal continuar causando essa insegurança jurídica, jogando contra a nação, jogando contra Lava-Jato, contra o povo brasileiro”.

Diante do posicionamento da Deputada, até mesmo por ela ser filiada ao partido do Presidente da República, muitas pessoas com posicionamentos favoráveis aos partidos de esquerda se insurgiram contra o que foi dito e, desta vez, sou obrigado a concordar com eles. A Deputada, na melhor das hipóteses, foi extremamente infeliz em seu discurso.

Por mais que eu defenda que as investigações abarquem também o Poder Judiciário, não há a menor necessidade de se falar em intervenção militar, até porque, gostemos ou não, há 05 (cinco) meses tivemos eleições regulares ocorridas na mais perfeita tranquilidade e transparência, temos estabilidade econômica, independência entre os poderes, garantias constitucionais respeitadas e um Estado, apesar dos problemas, em ordem.

Pegando um gancho na economia do país, tenho achado muito interessante a política apresentada pelo Min. Paulo Guedes que tem tentado diminuir impostos e desonerar a máquina pública. A desoneração da máquina pública tem a força de minorar a necessidade de impostos e com a diminuição da carga tributária aumenta-se os investimentos e gera-se emprego.

Se no meu escritório, “empresa” privada, eu só contrato se houver necessidade, por que na administração pública devo contratar desnecessariamente? Nesse sentido sou obrigado a render minhas homenagens ao Executivo Nacional que, na semana passada, extinguiu 21 (vinte e um) mil cargos.

Já no que tange às políticas criminais adotadas pelo atual governo, sou absolutamente contra alguns de seus princípios e acredito que “fazer justiça a qualquer custo” (conforme artigo que publiquei na semana passada) e “populismo penal” não são o caminho correto. No mesmo sentido, diminuição de recursos processuais, alteração das atuais regras de regimes prisionais e o encarceramento em massa, não nos trarão uma sociedade melhor.

Outro tema que gerou polêmica recentemente, foi a carta que o Min. da Educação, Ricardo Vélez, enviou às escolas do Brasil sugerindo que o hino nacional fosse entoado nas unidades. Até aí tudo bem. Minhas homenagens. O grande problema é que ao fazer constar na carta o lema de campanha do atual chefe do executivo, o Ministro feriu o Princípio da Impessoalidade da Administração Pública e fez clara promoção pessoal do Presidente Jair Bolsonaro, isto é, utilizou da máquina pública em prol da imagem pessoal de seu chefe.

Caros leitores, até pelo que disse Getúlio “estou há tanto tempo no poder e quase nunca me pediram algo para o país. Sempre me pediram algo para alguém” é que independentemente de quem tenhamos votado, não devemos usar antolhos (com perdão do trocadilho) e deixar que nos digam o que deve ser feito, mas sim enxergar aos arredores, estar atento ao que é coerente ou não, saber que podemos discordar daqueles que foram votados por nós, que não existem santos e todos somos errantes.

Por fim, ressalto que uma democracia se faz, dentre outras coisas, com respeitos às opiniões, ainda que distintas, e que o interlocutor, apesar de pensar diferente, pode não ser nem “comunista” nem “facista” e, assim como você, inteligente.

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