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PF investiga envio de dinheiro para contas de João Santana no exterior

A nova etapa da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (22), teve oito mandados de prisão decretados, entre eles estão o do publicitário João Santana e de sua mulher, Mônica Moura.


  • Brasil / Mundo
  • 22 de Fevereiro de 2016 | 14h22 | Por: Editor
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A nova etapa da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (22), teve oito mandados de prisão decretados, entre eles estão o do publicitário João Santana e de sua mulher, Mônica Moura. O casal está fora do país, em viagem à República Dominicana. Os mandados deles são de prisão temporária. 

Em entrevista na Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná, os investigadores informaram que a nova fase iniciou a partir da abertura de um inquérito em setembro. A polícia apreendeu na casa do engenheiro Zwi Skornicki, funcionário da construtora Odebrecht, documentos em que Santana e a esposa dão orientações de como enviar dinheiro para contas deles no exterior. Um dos documentos é assinado por Mônica - com o sobrenome Santana - enviado a um grupo de funcionários da construtora, que era responsável pelos pagamentos da empresa no exterior. O destino final dos repasses seriam contas na Suíça, a partir de financeiras localizadas nos Estados Unidos. Zwi Skornicki foi preso preventivamente na operação de hoje. 

Segundo os investigadores, Mônica enviou um contrato de referência usado anteriormente como modelo para simular a prestação de serviços. Apesar de rasurado, de forma a dificultar a identificação de algumas informações, peritos da PF conseguiram identificar o conteúdo, o que acabou por agregar mais provas e abrir novas frentes de investigações.

Tendo por base essas informações, a PF fez pedido de cooperação ao governo norte-americano. “Isso nos possibilitou rastrear esses pagamentos supostamente ilegais no exterior em conta secreta de João Santana. Pagamentos provenientes da Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki. A suspeita é que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT”, disse o delegado Filipe Pace.

João Santana coordenou as duas campanhas da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e a campanha de reeleição do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Na investigação, os policiais identificaram repasses por meio do banco Citibank, de Londres. A PF também solicitou informações ao banco. Em novembro, o Citibank enviou dados parciais que indicaram quatro depósitos totalizando US$ 3 milhões, entre 2012 e 2013, em contas que seriam de João Santana. O primeiro, em 13 de abril, de US$ 500 mil, seguido de um depósito de US$ 1 milhão e de outros de US$ 700 mil e US$ 800 mil. “Esses depósitos foram feitos por offshores empregadas no esquema da Odebrecht”, acrescentou Pace.

Os depósitos de US$ 700 mil e US$ 800 mil teriam, segundo a PF, sido usados para que Santana comprasse um apartamento em São Paulo, no valor de US$ 2 milhões. O delegado apontou ainda outros depósitos relevantes. “De setembro de 2013 a novembro de 2014, uma offshore fez nove depósitos de US$ 500 mil, que totalizaram US$ 4,5 milhões”, acrescentou.

Também chamou atenção dos investigadores que os depósitos eram feitos com base em contratos falsos usados para justificar a remessa de dinheiro. Segundo os investigadores, João Santana e Mônica Moura trataram diretamente com representante de operador de propina da Petrobras que fez depósitos para campanhas eleitorais. “Tudo leva a crer que o casal tinha conhecimento do uso desses contratos falsos”, disse o delegado.

Um e-mail de Fernando Migliaccio, que, segundo a polícia, intermediava os contratos da Odebrecht com a Petrobras, teve o sigilo quebrado. “Identificamos planilha encaminhada a ele [o operador], de dentro da Odebrecht – criada por Maria Lúcia Tavares, que foi presa hoje em Salvador, contendo registro de despesas de financiamento de campanhas eleitorais referentes ao PT, de 2008 a 2012”, acrescentou Pace.

De acordo com Pace, foi feito um depósito de US$ 500 mil em uma conta de Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobras, e a compra de um aparelho de ginástica para Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Todos já réus da Lava Jato apontados de desvios de dinheiro da estatal. “Vimos também que uma reforma foi feita na residência de Armando Tripodi, ex-chefe de gabinete de Sérgio Gabrielli [ex-presidente da Petrobras] que, ao que parece, foi ligado a outra área de investimento da empresa. Isso nos leva a crer que esses pagamentos foram motivados por obras feitas em plataformas da Petrobras, em contratos de US$ 2 milhões e de US$ 5,6 milhões”, disse o delegado.

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