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Médicos fogem de UPA invadida por traficante

Secretaria municipal de Saúde não se pronunciou


  • Geral
  • 19 de Outubro de 2018 | 12h44 | Por: comercial
 Foto: Guilherme Pinto
Foto: Guilherme Pinto

Acostumados a trabalhar em meio à linha de tiro, numa área dominada por duas facções, os médicos da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Costa Barros, uma das regiões mais violentas da cidade, tentam manter a rotina, mesmo em dias de tiroteio, para atender a cerca de 100 pacientes por dia.

Mas nesta quinta-feira (18/10), após a invasão do local por um traficante, que insistia em levar uma médica para atender a um criminoso baleado, foi diferente. Acuados, todos os profissionais fugiram, e a UPA foi fechada. Houve uma delicada negociação da médica com o bandido, e ela acabou não sendo “sequestrada”. E, como os outros, conseguiu escapar.

A Secretaria municipal de Saúde não se pronunciou. Não informou também se a UPA abrirá hoje. Com a condição de não serem identificados, os funcionários relataram os momentos de pânico que viveram justamente no Dia dos Médicos, comemorado ontem:

“Foi um dos piores momentos que nós já vivemos na UPA. O bandido chegou por volta das 10h30m, exigindo que a médica fosse atender um comparsa ferido na favela. Ela conseguiu “desenrolar” (negociar) com o criminoso e não foi. O traficante saiu. Logo depois, todos os médicos de plantão abandonaram a unidade. Uma patrulha da PM está na porta agora, mas a UPA fechou. É difícil dizer se voltaremos ao trabalho”.

A UPA de Costa Barros fica num território disputado pelo tráfico dos morros da Pedreira e do Chapadão. Ontem, o traficante que invadiu a unidade saiu ameaçando voltar. Depois de saírem da UPA, os profissionais denunciaram o caso na 39ª DP (Pavuna).

Inaugurada em 2010, a UPA de Costa Barros é administrada pela Iabas, uma OS que não tem recebido em dia os repasses do município para pagar os salários dos funcionários. Ontem, os profissionais teriam se reunido na secretaria e exigido garantias de segurança para trabalhar.

“Pelo histórico de tiroteios, já existe resistência grande de médicos em trabalhar na UPA, que tem marcas de balas nas paredes. Agora, estamos sem o salário deste mês. É muito complicado seguir trabalhando”, disse um outro funcionário.

Violência e ameaças têm marcado o dia a dia de profissionais de saúde em outras regiões dominadas por traficantes. Esta semana, a Polícia Civil divulgou imagens do circuito interno da UPA da Maré, que foi invadida por 50 homens armados no último domingo. O bando sequestrou um médico e uma ambulância. Dez homens armados, um deles com fuzil, entraram na emergência com um bandido ferido.

 

Fonte: O Extra

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